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AIDS
Casa Brenda Lee deixa de receber por causa de mudanças do Ministério da Saúde
Soropositivo fica sem verba federal
DA REPORTAGEM LOCAL
A casa de apoio a soropositivos
Brenda Lee, no centro de São Paulo, não recebe recursos do Ministério da Saúde desde o início do
ano em razão de um processo de
transição dos projetos de ONGs
financiados pela pasta.
A instituição tem um papel importante na história da epidemia
de Aids por ter sido uma das primeiras a acolher, voluntariamente, vítimas da doença.
O travesti Cícero Caetano Leonardo, conhecido como Brenda
Lee e assassinado em 1996, foi
quem transformou o local em casa de apoio -era hospedaria.
Maria Aparecida Rodrigues,
atual gerente, disse que está fazendo malabarismos para manter o
cardápio dos 26 soropositivos de
23 a 65 anos, entre eles três mulheres. "Carne vermelha só teve
na semana passada porque recebemos uma doação", disse.
De acordo com ela, no ano passado a verba mensal já tinha sido
reduzida de R$ 17,5 mil para R$ 14
mil. A conta de água, de R$ 2.600,
não foi paga. A instituição fez um
empréstimo de R$ 5.000.
O fornecimento de todos os remédios é garantido pelo governo
federal, mas a política de financiamento para as casas de apoio de
adultos só foi criada no fim do
ano passado e ainda não está implantada. A Brenda Lee vinha recebendo recursos justamente por
seu papel histórico na epidemia,
dentro da política do governo federal para projetos de ONGs.
Segundo Regina Pedrosa, do
grupo de trabalho sobre casas de
apoio do Fórum no Estado de São
Paulo, há 59 dessas residências no
Estado e, em razão da ausência de
recursos fixos, em geral elas passam por dificuldades.
O Ministério da Saúde pretende
passar a administração dos projetos até julho para os governos estaduais. Durante a transição, os
Estados já teriam de enviar os nomes das entidades escolhidas ao
ministério. Dos 600 esperados,
apenas um terço já chegou a Brasília -o da Brenda Lee está entre
eles, informou o coordenador nacional de DST/Aids, Pedro Chequer. Segundo ele, os recursos de
um ano para o outro só são liberados entre fevereiro e março, portanto não haveria atraso significativo. Foram reservados R$ 8 milhões para propostas das ONGs.
A pasta criou no fim do ano passado uma política para financiamento de casas de apoio para
adultos, não implantada ainda.
Foram disponibilizados R$ 11,9
milhões para 145 casas de adultos.
Dos 27 Estados, só 11 já enviaram
propostas. "Há dificuldade para
trabalhar com movimento social.
Uns têm dificuldades burocráticas, outros não têm pessoal."
(FABIANE LEITE)
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