São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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OUTRA PRIORIDADE

Gestão Alckmin desloca 35 policiais especializados para acompanhar atividades externas de infratores

Polícia anti-seqüestro vira escolta da Febem

ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais civis especializados na investigação de seqüestros e no combate ao seqüestro relâmpago têm sido deslocados pelo governo paulista de Geraldo Alckmin (PSDB) para uma nova função: escoltar internos da Febem (Fundação do Bem-Estar do Menor).
Diariamente, 35 policiais, em média, são retirados do patrulhamento para acompanhar adolescentes infratores em visita aos pais, atendimentos médicos, transferências de unidades e atividades educativas e culturais. Antes, a maioria das escoltas era realizada pela Polícia Militar.
Com isso, o combate a esses dois crimes é prejudicado. A Folha apurou que, por causa dessa nova função, os policiais não têm tido tempo para apurar denúncias de locais de cativeiros e fazer policiamento ostensivo em áreas onde ocorrem seqüestros relâmpagos com mais freqüência.
Durante o dia, policiais da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) são os responsáveis pela escolta dos adolescentes. À noite e na madrugada, a tarefa fica por conta do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos).
Os dois grupos, considerados da elite da Polícia Civil, são subordinados ao Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado). A função do primeiro é combater os dois tipos de seqüestros. O outro, os relâmpagos, além de investigar outras modalidades de crime organizado.
A Folha apurou que, na segunda-feira, denúncias de possíveis cativeiros não foram investigadas pela DAS, pois os cinco carros e 15 policiais que trabalham na parte operacional estavam escoltando adolescentes da Febem.
Ontem, 12 policiais com quatro carros foram mobilizados. Também não foi feita a checagem de denúncias.
O efetivo operacional da DAS, destinado a checar denúncias e invadir cativeiros para resgatar vítimas de seqüestro, é formado por 18 policiais.
Em média, são feitas sete escoltas para a Febem por dia, deslocando 15 policiais. Há um mês, a DAS faz o acompanhamento de adolescentes.

Desmotivação
O Garra possui um quadro de 140 policiais divididos em cinco grupos de 28. Por noite, em média, 20 policiais são retirados do patrulhamento para escoltar adolescentes da Febem.
"Carros e policiais são deslocados do patrulhamento para atender a Febem. Ao invés de tirarmos o ladrão da rua, ficamos levando adolescentes para visitar parentes, ir ao dentista. Há uma desmotivação", disse um policial que preferiu não se identificar.
Em entrevista à Folha, na semana passada, o diretor do Deic, delegado Godofredo Bittencourt, informou que, em média, acontecem 140 seqüestros relâmpagos na capital. Os bairros nobres são os mais visados pelos bandidos. Atualmente, cinco pessoas, incluindo uma criança, estão seqüestradas no Estado.


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