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Após críticas, USP Leste torna mais leve o currículo do ciclo básico
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os calouros da USP Leste começarão o ano letivo, na segunda-feira, com conteúdo curricular diferente do dos estreantes do ano
passado. Criticado por estudantes
de 2005, o ciclo básico (primeiro
ano, em que alunos de cursos diferentes assistem juntos a aulas de
disciplinas gerais) está passando
por mudanças e será mais "light".
Na avaliação sobre ensino e infra-estrutura realizada em novembro e respondida por 692 dos
1.020 alunos, o item "integração
entre as disciplinas do ciclo básico" foi o que recebeu pior pontuação: 2,7, em uma escala de 0 a 5. A
principal crítica é que nem todos
os cursos precisam se aprofundar
tanto em alguns pontos teóricos.
Na semana passada, os professores discutiram o planejamento
do ano e concluíram que, em alguns casos, exageraram. "Estamos fazendo ajustes para que alguns temas não sejam aprofundados demais", afirma o diretor na
USP Leste, Dante De Rose.
Com classes heterogêneas, formadas por alunos de até cinco
cursos diferentes, como obstetrícia e tecnologia têxtil, os docentes
perceberam que não adianta falar
sobre Jean Piaget e Marx na disciplina Psicologia, Educação e Temas Contemporâneos, por exemplo, porque ali ninguém é aluno
de ciências sociais. "Vamos partir
de algum caso prático para explicar a teoria, e não o contrário", diz
o vice-coordenador do ciclo básico, Ulisses Araújo.
O desafio é fazer com que um
aluno de ciências da atividade física, geralmente louco para passar
aulas e aulas nas quadras de esportes, goste de uma disciplina
chamada Arte, Literatura e Cultura no Brasil. "Uma aula no ciclo
básico exige mais de um professor
do que qualquer outra. Ele tem
que atender às demandas de grupos com interesses diferentes e fazer com que todos mantenham o
interesse", diz Araújo.
Caloura de gerontologia em
2005, Raquel Gimenez, 21, achou
difícil manter a atenção em disciplinas como psicologia e meio
ambiente. "Por mim, teria mais
aulas específicas." Já a aluna de
gestão de políticas públicas Flávia
Pastor, 20, acredita que a proposta do ciclo básico seja boa, mas
afirma que não conseguiu cumprir seu objetivo na prática. "O
que mais gostei foi estudar com
gente de outros cursos."
Para De Rose, muitos estudantes ainda não entenderam a proposta do ciclo e, por isso, não se
sentiram estimulados. "Eles precisam perceber a importância da
formação geral."
Apesar das críticas, a avaliação
mostra que a idéia de misturar
alunos de cursos diferentes numa
mesma turma foi aprovada. A
média de 3,68 fez com que a direção decidisse que o novo prédio,
que a partir de hoje abriga as turmas do 2º ano, não tenha salas específicas. "Todo o espaço será
usado por todos os alunos. Essa
integração física ajudará a manter
a interdisciplinaridade do primeiro ciclo", diz Ulisses.
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