São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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Após críticas, USP Leste torna mais leve o currículo do ciclo básico

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os calouros da USP Leste começarão o ano letivo, na segunda-feira, com conteúdo curricular diferente do dos estreantes do ano passado. Criticado por estudantes de 2005, o ciclo básico (primeiro ano, em que alunos de cursos diferentes assistem juntos a aulas de disciplinas gerais) está passando por mudanças e será mais "light".
Na avaliação sobre ensino e infra-estrutura realizada em novembro e respondida por 692 dos 1.020 alunos, o item "integração entre as disciplinas do ciclo básico" foi o que recebeu pior pontuação: 2,7, em uma escala de 0 a 5. A principal crítica é que nem todos os cursos precisam se aprofundar tanto em alguns pontos teóricos.
Na semana passada, os professores discutiram o planejamento do ano e concluíram que, em alguns casos, exageraram. "Estamos fazendo ajustes para que alguns temas não sejam aprofundados demais", afirma o diretor na USP Leste, Dante De Rose.
Com classes heterogêneas, formadas por alunos de até cinco cursos diferentes, como obstetrícia e tecnologia têxtil, os docentes perceberam que não adianta falar sobre Jean Piaget e Marx na disciplina Psicologia, Educação e Temas Contemporâneos, por exemplo, porque ali ninguém é aluno de ciências sociais. "Vamos partir de algum caso prático para explicar a teoria, e não o contrário", diz o vice-coordenador do ciclo básico, Ulisses Araújo.
O desafio é fazer com que um aluno de ciências da atividade física, geralmente louco para passar aulas e aulas nas quadras de esportes, goste de uma disciplina chamada Arte, Literatura e Cultura no Brasil. "Uma aula no ciclo básico exige mais de um professor do que qualquer outra. Ele tem que atender às demandas de grupos com interesses diferentes e fazer com que todos mantenham o interesse", diz Araújo.
Caloura de gerontologia em 2005, Raquel Gimenez, 21, achou difícil manter a atenção em disciplinas como psicologia e meio ambiente. "Por mim, teria mais aulas específicas." Já a aluna de gestão de políticas públicas Flávia Pastor, 20, acredita que a proposta do ciclo básico seja boa, mas afirma que não conseguiu cumprir seu objetivo na prática. "O que mais gostei foi estudar com gente de outros cursos."
Para De Rose, muitos estudantes ainda não entenderam a proposta do ciclo e, por isso, não se sentiram estimulados. "Eles precisam perceber a importância da formação geral."
Apesar das críticas, a avaliação mostra que a idéia de misturar alunos de cursos diferentes numa mesma turma foi aprovada. A média de 3,68 fez com que a direção decidisse que o novo prédio, que a partir de hoje abriga as turmas do 2º ano, não tenha salas específicas. "Todo o espaço será usado por todos os alunos. Essa integração física ajudará a manter a interdisciplinaridade do primeiro ciclo", diz Ulisses.


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