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CARNAVAL
Postos nos principais circuitos entregarão comprimido que evita fecundação a mulheres que fizerem sexo sem proteção
Salvador dá pílula do dia seguinte a foliona
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O Carnaval de Salvador terá, pela primeira vez, a distribuição da
pílula do dia seguinte em postos
próximos aos circuitos mais freqüentados da folia. O comprimido impede a fecundação desde
que seja ingerido até 72 horas depois da relação sexual.
Com funcionamento 24 horas
por dia, nove postos de urgência
-todos nas proximidades dos
três circuitos da folia soteropolitana (Pelourinho, Campo Grande-praça Castro Alves e Barra-Ondina)- fornecerão a pílula durante
todo o Carnaval.
Para ter direito ao medicamento, a mulher deve procurar qualquer um desses pontos de atendimento e contar que teve uma relação sexual desprotegida.
"Queremos deixar bem claro
que a pílula do dia seguinte é a última opção que deve ser utilizada
pelas mulheres. O mais recomendável é a utilização de métodos
contraceptivos mais eficazes, como a camisinha, as pílulas anticoncepcionais orais e injetáveis e
o DIU [Dispositivo Intra-Uterino]", afirmou Tânia Nogueira,
coordenadora da área de saúde da
mulher da Secretaria Municipal
da Saúde de Salvador.
Na opinião da coordenadora, a
distribuição da pílula não é um incentivo à prática do sexo desprotegido. "A campanha é muito clara e revela que somente o sexo seguro protege os seus praticantes
de doenças, como a Aids", afirma
Tânia Nogueira. "Agora, os métodos contraceptivos também falham e existem ocorrências de
violência sexual durante o Carnaval. É justamente isso que nós
queremos evitar com a distribuição da pílula do dia seguinte."
"O ideal é que a relação sexual
tenha acontecido no máximo 72
horas antes do momento em que
houve a procura pela pílula", disse o ginecologista David Nunes,
44, que integra a equipe da Secretaria da Saúde. "Temos de confiar
na palavra da mulher, mas ela será
avaliada. Somente depois é que o
médico prescreverá a pílula."
De acordo com o médico, a distribuição desse medicamento será
efetuada pelas farmácias municipais, instaladas dentro dos postos
de urgência. "O objetivo é facilitar
o trabalho das mulheres."
O ginecologista disse que a
substância é legalizada pelo Ministério da Saúde. "Temos de respeitar os direitos das mulheres."
Esses comprimidos têm uma
dose maior de progesterona do
que as pílulas convencionais, que,
depois de terem sido ingeridas,
impedem a fecundação.
Cadastro
O médico também afirmou que
todas as mulheres que procurarem esses postos de atendimento
em busca do medicamento serão
cadastradas. "O sigilo da consulta
será mantido, mas todas deverão
preencher um questionário e passarão a receber informações sobre
métodos contraceptivos."
A médica e antropóloga Greice
Menezes, de 47 anos, disse que
apóia a iniciativa da administração. "Ao contrário de outras capitais brasileiras, em Salvador o
aborto se mantém como a principal causa isolada de morte materna. Assim, a iniciativa do município merece elogios."
Para o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, João Carlos
Petrini, a pílula do dia seguinte estimula o aborto. O bispo disse
também que os contraceptivos
são questionáveis pela eficácia.
Além da pílula do dia seguinte, a
Secretaria Municipal da Saúde
também distribuirá outros produtos para a contracepção, como
camisinhas, em 72 postos -de
um total de 122 unidades que
compõem a rede pública de saúde
da capital baiana.
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