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Para cada agente público de segurança, há três privados
Brasil tem aproximadamente 1,7 milhão de vigilantes contra 602 mil policiais civis, militares e federais e bombeiros
Média brasileira é superior à dos Estados Unidos, com 2,5 agentes privados para cada público, e do México, com índice de 2 para 1
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Existe no Brasil um "exército" privado de vigilantes, responsável pela segurança principalmente das classes alta e
média alta, empresas, locais de
entretenimento e do próprio
poder público, que é quase o
triplo do tamanho do efetivo
total de policiais civis, militares
e federais, além dos batalhões
do Corpo de Bombeiros das 27
unidades da federação.
São aproximadamente 1,7
milhão de vigilantes cadastrados -sendo que somente 455
mil têm carteira assinada-, segundo a Polícia Federal. Por
outro lado, o país conta com
602 mil agentes da segurança
pública -de acordo com números de 2006 (último ano disponível) repassados pelos Estados ao Ministério da Justiça.
O crescimento da segurança
particular é significativo, o que
faz o Brasil superar a média de
agentes privados versus agentes públicos de países como Estados Unidos (2,5 por 1) e México (2 por 1).
Dessa conta, contudo, estão
excluídos os cerca de 800 mil
vigilantes clandestinos estimados pela PF, órgão responsável
por autorizar e fiscalizar as empresas do setor e que responde
pelo treinamento dos vigias.
Só em 2008, 139.654 novos
cadastros de agentes particulares foram lançados no sistema
da instituição. De 2002 até janeiro deste ano, o número de
profissionais cresceu 87%.
O cruzamento das informações, feito pela Folha, revela
também a substancial diferença da expansão entre os serviços público e privado: de 2003
a 2006, o efetivo responsável
pela segurança pública aumentou 5%; na iniciativa privada o
salto foi de quase 40%.
São Paulo é o Estado que
mais utiliza segurança privada
-são 464 mil homens cadastrados, contra 121 mil agentes
de segurança pública, segundo
dados da Secretaria da Segurança Pública. A média, de 3,8
por 1, é maior que a nacional.
A procura cada vez maior por
segurança privada, reflexo, segundo especialistas, do aumento da sensação de insegurança
da população, leva ao aumento
da oferta de trabalho na área.
Oportunidade que fez Márcio
Henrique, 42, procurar o setor.
"[eu] Era vendedor, estava
desempregado e vi que era um
bom negócio", diz o cearense
radicado em Brasília há 37
anos, dez deles como vigilante
-Márcio trabalha em uma
agência do Banco do Brasil.
Para as empresas do setor,
que movimentaram R$ 16,7 bilhões no ano passado, o que
conta na hora de contratar é a
experiência prévia em segurança, o que torna policiais e
membros das Forças Armadas
potenciais candidatos, segundo
o especialista Calil Buainain.
Assim foi com Onésimo Rodrigues, 27. Antes de entrar na
Prosegur, uma das maiores do
ramo, ele serviu por dois anos
no Batalhão da Guarda Presidencial do Exército, em Brasília. "A diferença salarial é grande", conta ele.
"O setor público é o que mais
utiliza a segurança privada",
afirma Adelar Anderle, coordenador-geral de controle da segurança privada da PF.
Apesar do grande número de
seguranças privados, o percentual de pessoas que usam o serviço é baixo. Em Belo Horizonte, por exemplo, só 10% da população de 2,4 milhões de habitantes usavam vigilância particular em suas ruas, segundo estudo do Crisp de 2005.
Colaborou FELIPE SELIGMAN
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