São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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UNIVERSIDADE

No Paraná, Tarso Genro volta a dizer que se opõe à taxação de aluno de instituição pública, como quer a área econômica

Ministro da Educação é recebido com vaias

Antonio Costa
O ministro da Educação, Tarso Genro, durante a sua exposição na Universidade Federal do Paraná


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Sob vaias de universitários, o ministro Tarso Genro (Educação) criticou ontem, em Curitiba, a proposta da comissão interministerial criada para analisar a reforma das universidades federais. Detalhe: os estudantes também são contra essa proposta.
"Esse documento da comissão interministerial não é o documento que eu defendo para a reforma. Eu defendo a supremacia, a ampliação da universidade pública, gratuita e de qualidade", afirmou o ministro, numa discordância à tese de obrigar recém-formados a ressarcir as instituições com dinheiro. "Essa proposta é um pouco equivocada."
Genro abriu a aula que marcou o início do ano letivo na UFPR (Universidade Federal do Paraná). A platéia tinha cerca de 800 pessoas, a maioria estudantes.
Cada vez que seu nome era pronunciado, Genro era vaiado. Na sua fala de cerca de 40 minutos, o ministro foi interrompido por vaias e questionamentos quanto aos rumos que o governo adotou na economia. O ministro, então, pediu à platéia: "Deixa eu falar primeiro, depois vocês vaiam". Quando conseguiu começar, Genro citou o filósofo alemão Theodor Adorno (1903-1969).
"Ele [Adorno] foi questionado sobre aquilo que chamava de senso de provocação dos estudantes. E Adorno respondeu: creio que a reforma universitária, da qual ainda não sabemos no que vai dar [mais vaias, ao que Genro disse: "Pessoal, não vaiem o Adorno, pelo menos"], nem sequer teria sido iniciada sem os estudantes."
Segundo o ministro, a proposta de reforma das universidades deve estar pronta para ser enviada ao Congresso, em novembro, após as eleições municipais.
Prometeu ouvir sugestões de entidades da academia, como Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e Fasubra (federação que congrega os sindicatos dos servidores técnico-administrativos).
Para assegurar o cumprimento da reforma, Genro defendeu a criação de um fundo universitário, financiado "por uma cesta de impostos", para custear investimentos. Segundo ele, o fundo não seria incluído no rol de despesas que serve de parâmetro para separar os recursos destinados ao pagamento da dívida externa.
O ministro escapou de ser atingido por ovos ao fim do discurso. Dois estudantes foram identificados próximo ao palco do teatro da UFPR segurando ovos nas mãos.
No final do discurso, Tarso recebeu aplausos seguidos de um coro de "mentira, mentira".


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