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LITERATURA CONFISCADA
Fiscais apreenderam livros que estavam em estande montado por ONG alegando que local não tinha autorização de uso do espaço público
Prefeitura desmonta "Bienal alternativa" na praça da Sé
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Sou um pássaro sobrevivente,
exilado da minha sensibilidade."
Foi aos versos do poema "Pássaro", de autoria do acreano J.G. de
Andrade Jorge, que o ambulante
Lamartine Brasiliano recorreu
para se expressar sobre o desmonte do "banquete literário"
que era "servido" na praça da Sé
(centro) havia nove dias.
Por volta da 1h30 de ontem, fiscais da Subprefeitura da Sé
apreenderam uma estante, mesas, cadeiras e cerca de 2.500 livros que faziam parte da "Bienal
alternativa" promovida pela
ONG Educa São Paulo.
Entre as obras oferecidas gratuitamente para a leitura, havia
clássicos de Machado de Assis,
Eça de Queirós e José Saramago.
Os livros e móveis foram levados
ao depósito da subprefeitura.
De acordo com a administração regional, os objetos dividiam
espaço, em uma tenda, com um
homem que dormia. Foi pedido
a ele que apresentasse autorização de uso do espaço público. Segundo a subprefeitura, como não
foi mostrado nenhum documento, o material foi confiscado.
Celso Fonseca, que dormia na
barraca e havia sido designado
para cuidar dos livros, contesta.
"Não pediram nada. Mostrei um
papel com o endereço da ONG, o
fiscal viu o nome do Devanir
[Amâncio, presidente], rasgou e
disse que ia levar tudo."
A subprefeitura informou que
a autorização para a ocupação da
praça foi expedida no último dia
7 e que Amâncio simplesmente
não foi buscá-la. Já o presidente
da ONG diz ter ido à prefeitura
em busca do papel duas vezes,
ambas sem sucesso. Amâncio
classificou a ação dos fiscais de
"covardia cultural" e sugeriu que
ela tenha sido motivada por um
incômodo supostamente causado pelo desvio de foco midiático
da 19ª Bienal do Livro -que
ocorre no Anhembi. "Montaremos o banquete na av. Paulista
na segunda-feira", desafiou.
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