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Atriz de Guaianases ganha, em Las Vegas, o "Oscar" da pornografia
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não faz tanto tempo assim
que Mônica Monteiro da Silva,
24, perdeu a virgindade. Ela tinha 17. Mas parece bem mais
longínquo, dada a quantidade
de eventos que sucederam a
efeméride. A partir dos 19, depois de adotar o nome artístico
de Mônica Mattos, ela transou
com homens, mulheres, travestis, anões, com Alexandre
Frota e até com um cavalo de
verdade. Em janeiro, ela foi
eleita no AVN Awards, o "Oscar da pornografia", realizado
em Las Vegas, a melhor atriz
pornô estrangeira de 2007.
Primeira pergunta: como se
avalia o talento de uma atriz
pornô? A organização do evento, que acontece desde 1983 e
tem cerca de cem categorias, é
evasiva. Diz que cada jurado
usa seu critério.
Pitt Garcia, 25, ator, afirma:
"A Mônica se concentra na cena, atua com vontade, entra no
personagem. Tem menina que
faz pelo dinheiro e só pensa
em acabar logo pra ir embora".
Personagem?
"Nem sempre é preciso um
texto para haver personagem.
Às vezes, basta agir", acredita.
Segundo o diretor José Gaspar, 37, "Mônica é muito profissional, chega na hora, não
causa tumulto no set e mergulha de cabeça na cena".
Ela seria, assim, uma "Irene
Ravache do cinema pornô".
A própria Mônica sugere algo mais simples: "Eu gosto de
fazer sexo. Ouço de muitas
pessoas: "Tão bonita, não precisava estar nessa vida". Mas
ninguém pensa que tem gente
que simplesmente gosta. Comigo é assim: quando ligam a
câmera, eu enlouqueço".
Camisinha, nem pensar. "A
gente faz exames antes de
"contracenar'", diz ela, que
desconhece a expressão "janela imunológica", ou o período
de cerca de 12 dias em que o indivíduo infectado pelo vírus da
Aids ainda não apresenta um
número de anticorpos detectáveis pelo exame.
De R$ 100 a R$ 100 mil
O mercado de vídeos pornôs
nos EUA movimentou mais de
US$ 3 bilhões em 2006, segundo um levantamento da revista AVN (Adult Video News),
que promove o prêmio; no
Brasil, foram R$ 300 milhões,
de acordo com a Abeme (Associação Brasileira de Empresas
do Mercado Erótico).
O cachê de um ator pornô
aqui pode ir de R$ 100 a R$ 100
mil, diz o diretor Gaspar. Os
mais caros são os dos conhecidos do grande público, como
Alexandre Frota e Gretchen.
O de Mônica está no meio,
mas ela não revela (a Folha
apurou que é algo em torno de
R$ 2.000 por cena, valor que
triplicou com a conquista do
prêmio). Dependendo da "versatilidade", o cachê ainda pode aumentar, diz Gaspar.
Quem assiste às performances sem restrições de Mônica,
em cenas que desafiam os
conceitos de conter e estar
contido, fica intrigado ao se
deparar com a estrutura óssea
franzina da atriz: 1,60 m de altura, 48 kg, 82 cm de quadril e
56 cm de cintura.
Nascida no extremo da zona
leste, em Guaianases, Mônica
hoje mora com a mãe em uma
casa que conseguiu comprar
em Itaquera. Antes de trabalhar nos filmes foi recepcionista de bingo, até que uma
colega que fazia programas a
chamou para acompanhá-la.
Em "Devassa", o filme pelo
qual foi premiada, ela faz sexo
com vários homens e mulheres. Ganhou uma estatueta
nos moldes da do Oscar e só:
nem dinheiro nem contratos.
Namorado? "Não tenho há
quatro meses." O último era
"alguém do meio". O exercício
da profissão a levou a experimentar o homossexualismo, e,
diz ela, perceber que a satisfaz
mais. "Hoje, prefiro as mulheres." Mas sem radicalismos.
"Nem tudo está perdido [para
os homens]. Eles podem
aprender a conhecer o corpo
de uma mulher tão bem como
ela própria", diz.
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