São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011 |
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ANTÔNIO CARVALHO MENDES (1933-2011) Toninho Boa Morte, obituarista ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO Responsável pela seção "Falecimentos" de "O Estado de S. Paulo" por quase 50 anos, Antônio Carvalho Mendes, o Toninho Boa Morte, morreu ontem em São Paulo, aos 77 anos. Estava a 16 dias de completar meio século como funcionário do jornal. Ele, que não queria se aposentar antes de alcançar a marca, era um devoto da empresa em que trabalhava, segundo conta o filho, Antônio Victor. Era tão apaixonado pelo que fazia que ia à Redação até aos sábados e domingos, como lembra o colega e jornalista José Maria Mayrink. Antônio trabalhou antes numa empresa de transportes aéreos e no Instituto de Previdência de São Paulo. Começou repórter e logo passou a cuidar das notas de mortes, que considerava reportagem, por ter de apurar. Quando o morto, por sua importância, era motivo para uma notícia fora da seção, ele tinha ciúmes e reclamava. Em 1968, começou a escrever uma coluna chamada "Cinofilia" (amor aos cães), sobre cachorros e gatos. Durou cerca de 20 anos. Trabalhou até maio de 2009, quando se afastou por problemas de saúde. Do hospital, "vigiava" a seção. Era fechado e não gostava do apelido, mas o aceitava. Às vezes, quando lhe diziam "até amanhã", respondia: "Se houver amanhã". Conservador, apoiou o golpe de 1964, até o dia em que a censura chegou ao jornal. Foi sua a ideia de pôr trechos de "Os Lusíadas" no lugar de textos censurados. Era separado. Deixa filho e neta. Por achar desrespeitoso, nunca incluía a causa mortis na seção. O enterro será hoje de manhã em Santos.
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