São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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REDE DE CORRUPÇÃO
Partido tenta "preservar sua imagem" tomando medidas contra suspeitos sem lhes dar direito de defesa
PPB expulsa Viscome e suspende Garib

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

O vereador Vicente Viscome, acusado de participar da máfia da propina e procurado pela polícia, foi expulso ontem de seu partido, o PPB. A direção do partido também suspendeu o ex-vereador e deputado estadual Hanna Garib, acusado de receber dinheiro de camelôs para deixá-los trabalhar na área da Sé, cuja regional controlava.
Os dois não tiveram direito de se defender antes das decisões e ainda não foram sequer indiciados pela polícia.
Nas palavras do presidente estadual do partido, o ex-deputado Marcelino Romano Machado, as duas decisões foram tomadas "para preservar a imagem do partido".
"O PPB não quer alguém procurado pela polícia e foragido em suas fileiras", disse.
Embora rejeitado pelo partido, Garib vai à Justiça para pedir a reincorporação. Ontem, durante a cerimônia de posse dos deputados estaduais, ele evitou os jornalistas, mas nas poucas entrevistas que deu disse que as acusações que são feitas contra ele são "de ouvir dizer". "Ninguém tem prova contra mim", sustentou.
O advogado de Viscome disse que vai recorrer às instâncias superiores do partido para reverter a expulsão, alegando que houve cerceamento do direito de defesa.
A decisão do PPB foi tomada ontem de manhã pela executiva estadual do partido, em uma sessão marcada só para decidir o assunto. Além do afastamento de Viscome e Garib, a executiva expulsou ainda o prefeito afastado de Bauru, Antonio Izzo Filho.
Romano Machado admitiu ontem que nenhum dos acusados chegou a apresentar defesa antes do afastamento.
"A executiva havia encaminhado os casos para a comissão de ética, mas na semana passada fomos pegos de surpresa pela confissão da namorada do Viscome e de alguns de seus assessores, que admitiram a cobrança. Tínhamos de dar uma resposta."
Apesar da decisão, Romano Machado acha que a imagem do partido foi prejudicada. "A imagem do partido foi arranhada. Dá para ver pela reação das pessoas hoje (ontem), na posse dos deputados (leia texto nesta página)."
Embora não tivesse completado ainda um dia como deputado, Garib já estava ameaçado, ontem, de perder o cargo. O novo presidente da Assembléia Legislativa, o deputado Vanderlei Macris (PSDB), disse que seu primeiro ato será a criação de comissão de ética para discutir as acusações contra Garib.
O deputado Afanásio Jazadji, que preside a CPI sobre o crime organizado, fala em cassação. "Quero informações da investigação da polícia para pedir a abertura de um processo de cassação."
Mesmo entre os companheiros de partido o apoio a Garib e Viscome é fraco.


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