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REDE DE CORRUPÇÃO
Partido tenta "preservar sua imagem" tomando medidas contra suspeitos sem lhes dar direito de defesa
PPB expulsa Viscome e suspende Garib
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
O vereador Vicente Viscome,
acusado de participar da máfia
da propina e
procurado pela
polícia, foi expulso ontem de
seu partido, o PPB. A direção do
partido também suspendeu o ex-vereador e deputado estadual
Hanna Garib, acusado de receber
dinheiro de camelôs para deixá-los
trabalhar na área da Sé, cuja regional controlava.
Os dois não tiveram direito de se
defender antes das decisões e ainda não foram sequer indiciados
pela polícia.
Nas palavras do presidente estadual do partido, o ex-deputado
Marcelino Romano Machado, as
duas decisões foram tomadas "para preservar a imagem do partido".
"O PPB não quer alguém procurado pela polícia e foragido em
suas fileiras", disse.
Embora rejeitado pelo partido,
Garib vai à Justiça para pedir a
reincorporação. Ontem, durante a
cerimônia de posse dos deputados
estaduais, ele evitou os jornalistas,
mas nas poucas entrevistas que
deu disse que as acusações que são
feitas contra ele são "de ouvir dizer". "Ninguém tem prova contra
mim", sustentou.
O advogado de Viscome disse
que vai recorrer às instâncias superiores do partido para reverter a
expulsão, alegando que houve cerceamento do direito de defesa.
A decisão do PPB foi tomada ontem de manhã pela executiva estadual do partido, em uma sessão
marcada só para decidir o assunto.
Além do afastamento de Viscome
e Garib, a executiva expulsou ainda o prefeito afastado de Bauru,
Antonio Izzo Filho.
Romano Machado admitiu ontem que nenhum dos acusados
chegou a apresentar defesa antes
do afastamento.
"A executiva havia encaminhado
os casos para a comissão de ética,
mas na semana passada fomos pegos de surpresa pela confissão da
namorada do Viscome e de alguns
de seus assessores, que admitiram
a cobrança. Tínhamos de dar uma
resposta."
Apesar da decisão, Romano Machado acha que a imagem do partido foi prejudicada. "A imagem do
partido foi arranhada. Dá para ver
pela reação das pessoas hoje (ontem), na posse dos deputados (leia
texto nesta página)."
Embora não tivesse completado
ainda um dia como deputado, Garib já estava ameaçado, ontem, de
perder o cargo. O novo presidente
da Assembléia Legislativa, o deputado Vanderlei Macris (PSDB),
disse que seu primeiro ato será a
criação de comissão de ética para
discutir as acusações contra Garib.
O deputado Afanásio Jazadji,
que preside a CPI sobre o crime organizado, fala em cassação. "Quero informações da investigação da
polícia para pedir a abertura de um
processo de cassação."
Mesmo entre os companheiros
de partido o apoio a Garib e Viscome é fraco.
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