São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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VEXAME
Deputado é obrigado a sair no meio da cerimônia de posse sob gritos de "ladrão" e "fora"
Hanna Garib é vaiado na Assembléia

da Reportagem Local

A estréia como deputado do ex-vereador Hanna Garib foi curta. Vaiado por quase 50 segundos ininterruptos por 400 pessoas que ocupavam a galeria na Assembléia Legislativa, Garib teve de sair no meio da cerimônia de posse dos deputados ontem.
O ex-vereador é acusado de receber parte da propina que era arrecadada entre camelôs pelos fiscais da Administração Regional da Sé, que ele controlava.
As vaias começaram quando Garib foi chamado pelo ex-presidente da Assembléia, Vaz de Lima (PSDB), para fazer o juramento, cresceram e se transformaram em uma sequência de gritos de "ladrão". Em seguida, o público pediu: "Fora, fora".
Garib pareceu ter sentido o golpe. Cercado por familiares, que fizeram as vezes de segurança, o deputado ficou tenso. O filho, Ricardo, cobria seu rosto quando algum fotógrafo mirava as lentes para o pai.
O interesse dos repórteres e fotógrafos, que se aglomeravam em volta do deputado, chamou de novo a atenção sobre ele e, embora os alto-falantes chamassem outros nomes, o público vaiava um só: o de Garib. Sob gritos que pediam a sua cassação, o ex-dono da Regional da Sé se deu por derrotado e se encaminhou para uma das saídas do plenário.
Foi difícil. Cercado, Garib usou os familiares como escudo e, empurrando quem estivesse na frente, escapou por uma porta guardada por policiais militares.
Dali, Garib sumiu. Sua assessoria de comunicação disse que já havia ido embora, mas ele reapareceu cerca de 90 minutos mais tarde, durante a votação para presidente da Assembléia. Houve boatos de que Garib, que é hipertenso, tivesse passado mal, mas seus assessores negaram.
Seus assessores disseram ainda que o deputado já esperava as vaias, mas não havia preparado estratégia para enfrentá-las.
As vaias para Garib não foram as únicas. Seu companheiro de partido e prefeito de São Paulo, Celso Pitta, teve recepção igual.
Pitta não falou, apenas acenou para o público. Mas a má impressão foi percebida até por quem não estava lá, como o presidente do PPB, Marcelino Romano Machado. "Ele não precisava ter ido lá hoje (ontem). Foi um erro político dele, que prejudica a imagem do partido", disse.


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