São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Diarista diz que apanhou por usar elevador social

Ela disse que foi puxada pelas orelhas; reportagem não teve acesso à síndica, que não teve o nome revelado

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

A empregada doméstica Valdilene Maria Batista, 39, diz que foi agredida pela síndica do prédio onde trabalha, em Recife (PE), após ter usado um carrinho de compras no elevador social na semana passada.
Batista afirma que, na quinta-feira passada, esperou o elevador de serviço por mais de dez minutos e que, por isso, decidiu subir com o carrinho de compras pelo social.
A síndica e o subsíndico, que estavam na portaria do prédio, viram ela entrando no elevador e correram para abordá-la.
O prédio, disse ela, orienta terceirizados e funcionários a usar o elevador do serviço -embora uma lei local proíba esse tipo de discriminação.
"Não me preocupei, pois sei que, pelas normas, o elevador social pode ser usado se o de serviço estiver quebrado. Mas ela chegou, apertou o botão do andar dela e segurou minhas orelhas com as duas mãos, sacudindo. Disse que estava fazendo aquilo de lição para que as outras [empregadas] não fizessem o mesmo. Na hora fiquei tão desorientada que fiquei pedindo desculpas e nem apertei o botão do meu andar."
Ela acabou indo até o 15º andar -seus empregadores moram no 4º pavimento. A empregada disse que sua pressão chegou a subir.
Batista, que trabalha como empregada no prédio há 12 anos e diz nunca ter tido problemas, depôs anteontem na delegacia de Boa Viagem.
Segundo a delegada Julieta Japiassu, um termo circunstanciado foi lavrado, a síndica foi intimada a comparecer à delegacia amanhã e foram solicitadas as imagens filmadas pelo circuito interno do prédio.
Japiassu diz que registrou o caso como "vias de fato". O caso será levado ao Juizado Especial Criminal. A pena varia de multa à prisão de 15 dias a três meses.
"Até perguntei se houve algum xingamento que justificasse injúria ou racismo, mas ela [Batista] negou", diz Japiassu.
A empregada diz que não pretende pedir indenização por danos morais. "Eu me senti ofendida como empregada e como pessoa. Por isso, resolvi denunciar para ela não fazer com as outras [empregadas] o que fez comigo."
A polícia não revelou o nome da síndica. Batista também não quis dizer o nome dela.


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