São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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POLÍCIA

Delegado Aparecido Laertes Calandra foi indicado para o Denarc

Entidades criticam a promoção de suposto torturador

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de defesa de direitos humanos e parentes de pessoas desaparecidas durante o regime militar estão cobrando do governo Geraldo Alckmin explicações a respeito da promoção do delegado Aparecido Laertes Calandra, conhecido como "capitão Ubirajara", a um posto de chefia do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos).
Calandra é apontado pelo movimento Tortura Nunca Mais como um dos principais torturadores que agiram em São Paulo durante os anos 70. De acordo com o grupo, o policial participou da equipe que torturou os militantes Carlos Nicolau Danielli, dirigente do PC do B, morto em 1972, e Hiroaki Torigoi, do Molipo (Movimento de Libertação Popular), assassinado também em 72.
O "capitão Ubirajara", que trabalha na Divisão de Inteligência e Apoio Policial do Denarc, assumiu, no dia 9, a chefia do Dise (Departamento de Investigações sobre Entorpecentes), um dos principais postos do órgão.
"Esse homem me torturou e não há nenhuma dúvida sobre isso", afirmou ontem à Folha Maria Amélia de Almeida Telles, presa política em 72 e membro da comissão municipal de direitos humanos de São Paulo. "Foi um dos principais torturadores da Operação Bandeirantes", disse, citando a ação repressiva do Exército.
O deputado estadual Renato Simões (PT) levou o caso a debate no Encontro Nacional de Direitos Humanos, iniciado ontem em Brasília. "O governo deve uma explicação, mesmo com o recuo anunciado ontem pelos seus representantes na Assembléia Legislativa", declarou o parlamentar, que vai pedir hoje, por meio de requerimento, informações ao governador sobre o episódio.

Outro lado
O líder do governo na Assembléia, deputado Duarte Nogueira (PSDB), informou ontem que a situação de Calandra como chefe é provisória. "Hoje assumiu o Ivaney Cayres de Souza (novo diretor do Denarc), que vai nomear o delegado Everardo Tanganelli para o cargo", disse. Segundo o deputado, "capitão Ubirajara" estava respondendo pela função, mas não chegou a ser nomeado e nem será. "Assumiu a chefia por causa da saída do delegado Ubiracyr Pires da Silva, pois era o substituto automático."
A Folha tentou falar sobre o assunto com Calandra. Os assessores do Denarc informaram, durante a tarde de ontem, que o delgado estava em reunião.



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