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POLÍCIA
Delegado Aparecido Laertes Calandra foi indicado para o Denarc
Entidades criticam a promoção de suposto torturador
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de defesa de direitos
humanos e parentes de pessoas
desaparecidas durante o regime
militar estão cobrando do governo Geraldo Alckmin explicações a
respeito da promoção do delegado Aparecido Laertes Calandra,
conhecido como "capitão Ubirajara", a um posto de chefia do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos).
Calandra é apontado pelo movimento Tortura Nunca Mais como
um dos principais torturadores
que agiram em São Paulo durante
os anos 70. De acordo com o grupo, o policial participou da equipe
que torturou os militantes Carlos
Nicolau Danielli, dirigente do PC
do B, morto em 1972, e Hiroaki
Torigoi, do Molipo (Movimento
de Libertação Popular), assassinado também em 72.
O "capitão Ubirajara", que trabalha na Divisão de Inteligência e
Apoio Policial do Denarc, assumiu, no dia 9, a chefia do Dise
(Departamento de Investigações
sobre Entorpecentes), um dos
principais postos do órgão.
"Esse homem me torturou e
não há nenhuma dúvida sobre isso", afirmou ontem à Folha Maria
Amélia de Almeida Telles, presa
política em 72 e membro da comissão municipal de direitos humanos de São Paulo. "Foi um dos
principais torturadores da Operação Bandeirantes", disse, citando
a ação repressiva do Exército.
O deputado estadual Renato Simões (PT) levou o caso a debate
no Encontro Nacional de Direitos
Humanos, iniciado ontem em
Brasília. "O governo deve uma explicação, mesmo com o recuo
anunciado ontem pelos seus representantes na Assembléia Legislativa", declarou o parlamentar, que vai pedir hoje, por meio
de requerimento, informações ao
governador sobre o episódio.
Outro lado
O líder do governo na Assembléia, deputado Duarte Nogueira
(PSDB), informou ontem que a situação de Calandra como chefe é
provisória. "Hoje assumiu o Ivaney Cayres de Souza (novo diretor do Denarc), que vai nomear o
delegado Everardo Tanganelli para o cargo", disse. Segundo o deputado, "capitão Ubirajara" estava respondendo pela função, mas
não chegou a ser nomeado e nem
será. "Assumiu a chefia por causa
da saída do delegado Ubiracyr Pires da Silva, pois era o substituto
automático."
A Folha tentou falar sobre o assunto com Calandra. Os assessores do Denarc informaram, durante a tarde de ontem, que o delgado estava em reunião.
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