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Líder cobra promessa de fim de confronto
DA SUCURSAL DO RIO
Líderes comunitários de pelo
menos 20 favelas do Rio procuraram o sociólogo Luiz Eduardo
Soares para pedir que intermedeie uma audiência com o secretário estadual da Segurança Pública, Roberto Aguiar. O objetivo é
cobrar a promessa feita por ele assim que assumiu a pasta, no início
de abril, de que a polícia evitaria
confrontos com traficantes em
casos de risco para inocentes.
Os líderes argumentam que nada mudou nos primeiros 40 dias
do governo de Benedita da Silva
(PT) e que PMs continuam invadindo os morros de maneira violenta, atirando a esmo e participando de tiroteios. Desde a troca
de comando na cúpula da segurança, pelo menos 30 pessoas
morreram em confrontos com
policiais ou vítimas de balas perdidas em municípios fluminenses, sendo sete só nesta semana.
Apesar do medo da população
de que novos tiroteios aconteçam,
o comandante-geral da Polícia
Militar, coronel Francisco Braz,
admitiu a possibilidade de novos
confrontos, desde que "sejam necessários".
"A polícia troca tiros com traficantes para defender a população.
Enquanto estivermos reprimindo
a criminalidade, os confrontos serão inevitáveis", afirmou ele, que,
ao ser empossado, declarara que
"a melhor forma de trabalhar em
tiroteio é não atirar".
Braz disse que a PM continuará
realizando operações nas favelas.
"Essa é nossa estratégia. Queremos mostrar aos marginais que o
crime nunca compensa."
Ao assumir, há 40 dias, o secretário Aguiar também anunciou
que as ações policiais em favelas
seriam dirigidas para alvos previamente estudados, de forma a
evitar tiroteios e balas perdidas.
Para dirigentes de associações
de moradores de favelas, o discurso do secretário e do comandante
da PM não se concretizou. "A
postura da polícia não mudou.
Continua havendo confrontos.
Inocentes estão pagando por isso", disse André Fernandes, líder
comunitário do morro Santa
Marta (Botafogo, zona sul).
Fernandes afirmou que a polícia
insiste "no mesmo erro" de ocupar as favelas após tiroteios. "Um
dia desses a PM fez uma operação
no morro do Turano [zona norte"
à tarde e só apreendeu 89 trouxinhas de maconha. Trouxe risco à
população e não conseguiu prender quem deveria", disse.
O presidente da Associação de
Moradores do Morro do Dendê
(Ilha do Governador, zona norte),
Moisés Baiano, disse que os tiroteios continuam acontecendo
porque policiais, na maioria dos
casos, invadem as favelas para extorquir dinheiro de traficantes e
não costumam obedecer a ordens
dos comandantes. "Quando há
uma operação organizada, bem
planejada, não tem tiroteio."
Até para Luiz Eduardo Soares,
idealizador do programa de segurança do governo Benedita, não
houve mudanças no comportamento da polícia. "É preciso ser
feita uma requalificação periódica
para que os policiais se sintam
preparados para enfrentar situações novas. Caso contrário, os
moldes antigos tendem a ser reproduzidos", disse Soares.
(MHM)
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