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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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RIO

Garotinho diz que crime pode ter sido cometido por policial a serviço de empresa; imagem do momento do disparo não foi recuperada

Após 10 dias, autor de tiro em aluna segue desconhecido

DA SUCURSAL DO RIO

Dez dias após a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, 19, ter sido baleada no campus do Rio Comprido (zona norte) da Universidade Estácio de Sá, a polícia do Rio de Janeiro não conseguiu avançar no esclarecimento do crime. Ontem, o secretário estadual de Segurança, Anthony Garotinho, admitiu a hipótese de que o tiro teria partido de um policial, conforme a Folha revelou ontem.
O policial estaria no campus perseguindo um traficante. O policial, segundo Garotinho, estaria a serviço da empresa que faz a segurança do campus, a Vig Ban.
Antes da retirada da bala que atingiu a estudante de enfermagem, traficantes do morro do Turano (vizinho ao campus) eram os principais suspeitos. Se a bala não fosse extraída do pescoço da jovem, até agora eles continuariam sendo responsabilizados.
Como o calibre da bala é .40, a polícia descarta que o tiro tenha partido da favela. O calibre é próprio para pistolas e usado por policiais civis e militares, como disse ontem o delegado Luiz Alberto de Andrade, que preside o inquérito.
Suspeito de chefiar o esquema de segurança do campus, o inspetor Marcos Ripper, da 16ª DP, foi convocado para depor ontem à noite. Ele estaria no campus na hora em que a jovem foi baleada.
A Polícia Civil ainda não conseguiu recuperar as imagens gravadas pelo circuito interno da Estácio que registraram o momento em que Novaes foi baleada. As imagens foram entregues adulteradas -o trecho que inclui o instante do crime foi suprimido.
O delegado diz não saber quem adulterou as imagens: a universidade, a Vig Ban ou a Telesegurança, que aluga as câmeras e faz suporte técnico do equipamento.
Ele também não sabe se peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli terão como recuperar as imagens armazenadas no computador. Reunião entre os peritos e Andrade não havia acabado até a conclusão desta edição.
O delegado esteve de manhã na sede da Telesegurança, na praça da Bandeira (zona norte), em busca das imagens que desapareceram. A empresa havia sido interditada anteontem à noite. Após duas horas de inspeção, deixou o local levando só documentos e liberou o funcionamento da firma.
O gerente da Telesegurança, Luís Arantes, disse que a empresa cede as câmeras, e o monitoramento fica a cargo da Vig Ban.
Embora reconheça que as imagens foram adulteradas, Arantes disse que a empresa não teve participação. Segundo ele, a Telesegurança foi acionada pela Estácio no dia do crime para copiar em CDs as imagens armazenadas em computadores. Os CDs foram entregues pela universidade à polícia. "Só fizemos as cópias, não vimos o que estávamos copiando."
Os demais envolvidos se negam a falar. A Folha procurou a direção da Estácio, que não quis se pronunciar. Ontem, cinco funcionários da Vig Ban foram ouvidos pela polícia, mas nenhum quis falar com jornalistas. A direção da empresa também não falou.
Andrade informou que poderá pedir a prisão temporária dos envolvidos. Ele afirmou que deverá promover uma acareação entre representantes da Estácio e das empresas de segurança.
A estudante de enfermagem está internada no hospital Pró-Cardíaco e respira com ajuda de aparelhos; poderá ficar tetraplégica.


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