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RIO
Garotinho diz que crime pode ter sido cometido por policial a serviço de empresa; imagem do momento do disparo não foi recuperada
Após 10 dias, autor de tiro em aluna segue desconhecido
DA SUCURSAL DO RIO
Dez dias após a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, 19, ter
sido baleada no campus do Rio
Comprido (zona norte) da Universidade Estácio de Sá, a polícia
do Rio de Janeiro não conseguiu
avançar no esclarecimento do crime. Ontem, o secretário estadual
de Segurança, Anthony Garotinho, admitiu a hipótese de que o
tiro teria partido de um policial,
conforme a Folha revelou ontem.
O policial estaria no campus
perseguindo um traficante. O policial, segundo Garotinho, estaria
a serviço da empresa que faz a segurança do campus, a Vig Ban.
Antes da retirada da bala que
atingiu a estudante de enfermagem, traficantes do morro do Turano (vizinho ao campus) eram
os principais suspeitos. Se a bala
não fosse extraída do pescoço da
jovem, até agora eles continuariam sendo responsabilizados.
Como o calibre da bala é .40, a
polícia descarta que o tiro tenha
partido da favela. O calibre é próprio para pistolas e usado por policiais civis e militares, como disse
ontem o delegado Luiz Alberto de
Andrade, que preside o inquérito.
Suspeito de chefiar o esquema
de segurança do campus, o inspetor Marcos Ripper, da 16ª DP, foi
convocado para depor ontem à
noite. Ele estaria no campus na
hora em que a jovem foi baleada.
A Polícia Civil ainda não conseguiu recuperar as imagens gravadas pelo circuito interno da Estácio que registraram o momento
em que Novaes foi baleada. As
imagens foram entregues adulteradas -o trecho que inclui o instante do crime foi suprimido.
O delegado diz não saber quem
adulterou as imagens: a universidade, a Vig Ban ou a Telesegurança, que aluga as câmeras e faz suporte técnico do equipamento.
Ele também não sabe se peritos
do Instituto de Criminalística
Carlos Éboli terão como recuperar as imagens armazenadas no
computador. Reunião entre os
peritos e Andrade não havia acabado até a conclusão desta edição.
O delegado esteve de manhã na
sede da Telesegurança, na praça
da Bandeira (zona norte), em
busca das imagens que desapareceram. A empresa havia sido interditada anteontem à noite. Após
duas horas de inspeção, deixou o
local levando só documentos e liberou o funcionamento da firma.
O gerente da Telesegurança,
Luís Arantes, disse que a empresa
cede as câmeras, e o monitoramento fica a cargo da Vig Ban.
Embora reconheça que as imagens foram adulteradas, Arantes
disse que a empresa não teve participação. Segundo ele, a Telesegurança foi acionada pela Estácio
no dia do crime para copiar em
CDs as imagens armazenadas em
computadores. Os CDs foram entregues pela universidade à polícia. "Só fizemos as cópias, não vimos o que estávamos copiando."
Os demais envolvidos se negam
a falar. A Folha procurou a direção da Estácio, que não quis se
pronunciar. Ontem, cinco funcionários da Vig Ban foram ouvidos
pela polícia, mas nenhum quis falar com jornalistas. A direção da
empresa também não falou.
Andrade informou que poderá
pedir a prisão temporária dos envolvidos. Ele afirmou que deverá
promover uma acareação entre
representantes da Estácio e das
empresas de segurança.
A estudante de enfermagem está internada no hospital Pró-Cardíaco e respira com ajuda de aparelhos; poderá ficar tetraplégica.
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