São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trabalho no farol é única atividade para moradores da Rasa

DA SUCURSAL DO RIO

A Rasa é a única ilha habitada no litoral do Rio e de Niterói. É em torno do farol, em funcionamento desde 1829, que os cinco marinheiros passam o dia. Não há na ilha o que fazer, fora trabalhar.
O trabalho na Rasa começa quando o sol nasce. O farol é desligado. A seguir, as lentes são protegidas do sol por cortinas. De cristal e cobre, elas permitem um alcance da luminosidade, quando a atmosfera está clara, de mais de 90 km. Com 26 m de altura, o farol foi construído com pedras cortadas dos rochedos da ilha e coladas com óleo de baleia.
Os cinco marinheiros se revezam na preparação da comida. Cuidam também dos equipamentos de radiofarol (sinalização para aviões e navios) e da estação meteorológica da Rasa.
Na Rasa, não há areia, muito menos praias. É uma ilha cercada por pedras. O farol e sete casas estão no alto da ilha, a 75 m de altura. A Rasa tem 238 mil metros quadrados -1.646 metros quadrados de área construída. O resto é mato e rochas.
A guarnição não tem barco -seus integrantes não podem sair da ilha sem ajuda externa. De 15 em 15 dias, quando as condições do mar permitem a aproximação de embarcações, a Marinha envia à Rasa a lancha balisadora Pollux, com mantimentos.
Não há plantações. As árvores frutíferas são antigas. Dão pitangas, cajás e cocos. Não há nascentes na Rasa. A água da chuva é armazenada em uma cisterna para 440 mil litros. Recebem, ainda, água mineral do continente.
O acesso à ilha é bastante difícil. A lancha atraca a cerca de 100 m das pedras. Em um bote inflável, os visitantes -obrigatoriamente vestidos com coletes- seguem até a base de uma escadaria rasgada no penhasco, cujos primeiros degraus são cobertos de limo. Quem escorrega e cai na água, o que às vezes ocorre, corre o risco de ser jogado nas pedras pelas ondas. A profundidade é de 21 m.
Outra opção de acesso é por guindaste, usado para trazer à ilha os equipamentos mais pesados e as cargas volumosas. O equipamento, que fica em um outro trecho do litoral da Rasa, também pode trazer os visitantes, sentados em uma espécie de cadeira. Não há quem saia seco da experiência.
O mar já impediu aquela que seria a visita mais importante de toda a história da ilha. Na inauguração do uso da eletricidade no farol, em 1883, d. Pedro 2º não conseguiu desembarcar, tal a força das ondas. O imperador ficou no navio, cuidadosamente atracado longe das pedras.
Ele viu o farol ser ligado, aplaudiu e voltou para o continente, de acordo com as crônicas da Marinha registradas no diário do farol.
(ST)


Texto Anterior: Vandalismo gera prejuízos e riscos para navegação
Próximo Texto: Saúde: Postura correta pode evitar escoliose
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.