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GUERRA URBANA/ VERSÃO OFICIAL
Governador Cláudio Lembro e PM afirmam que dia de ontem foi mais tranqüilo e que hoje população deve ter "vida normal"
Governo de SP culpa boatos por pânico
FABIO SCHIVARTCHE
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo atribuiu
o pânico disseminado ontem pela
cidade -e pelo Estado- a uma
onda de boatos e, em parte, à mídia, pois o dia, em sua visão, foi
mais tranqüilo em total de ocorrências do que os dois anteriores.
"Não queremos minimizar os
problemas, mas o dia de ontem
foi mais tranqüilo, com uma diminuição no número de ocorrências. O pânico que houve foi causado pela internet, principalmente, e por canais de rádio e TVs que
são movidos pelas notícias", disse
o comandante-geral da Polícia
Militar de São Paulo, Elizeu Eclair.
Ele afirmou que a população deve
levar "vida normal" a partir de
hoje. "Devem voltar ao trabalho e
às escolas, com todos os cuidados
que temos de ter normalmente. A
vida continua."
A deputados estaduais de todos
os partidos políticos que foram ao
Palácio dos Bandeirantes lhe
prestar solidariedade, o governador Cláudio Lembo (PFL) também reclamou da
onda de boataria
que tomou a cidade de São Paulo,
levando escolas e
parte do comércio
a fechar suas portas com medo de
atentados.
"É difícil controlar essa onda de
boataria. Mas agora o Estado está
começando a se
recuperar. Temos
de colecionar vitórias", disse.
Lembo descartou a necessidade
de fazer um pronunciamento em
rede de rádio e TV para acalmar a
população do Estado. "Garanto
que teremos, sim, condições amanhã [hoje] de oferecer transporte
aos paulistanos. Peço à sociedade
de São Paulo que colabore", afirmou o governador.
Questionado se a PM dará apoio
às empresas de ônibus, de forma a
garantir o funcionamento das linhas sem interrupções nem novos ataques incendiários, o coronel Eclair respondeu: "Vamos [a
PM] garantir o transporte metropolitano (trens e metrô) e pelo
menos 50% dos ônibus. Mas não
podemos obrigar uma empresa a
colocar seus ônibus nas ruas".
Ele também disse que muitos
boatos de violência que circularam na capital paulista foram provocados em parte pela mídia.
Segundo ele, "houve um profundo toque de sensacionalismo".
No entanto, ele não citou exemplos nem emissoras específicas.
O comandante da PM pediu
"respeitabilidade na informação".
"Liguei pessoalmente para diretores de programas de TV e de jornais. Sei que há um problema de
audiência, mas queremos transparência [sem sensacionalismo]",
afirmou Eclair.
Nova recusa
Após novas e insistentes ofertas
do governo federal, o governador
Lembo descartou novamente ontem a participação do Exército e
da Força de Segurança Nacional
no combate ao crime organizado.
"Nós, o ministro [da Justiça
Márcio Thomaz Bastos], eu e o secretário de Segurança Pública,
chegamos à conclusão de que o
momento não é para ter o Exército nas ruas. Temos o controle da
cidade e vamos preservar esse
controle. O Exército seria, nesse
momento, algo desnecessário.
Portanto, agradecemos o governo
federal", disse o governador, no
início da noite de ontem.
Aliados do governador alegam
que o Estado precisa de apoio tecnológico e recursos. E que, a essa
altura, de nada adiantaria um reforço de 4.000 homens (que compõem a força de segurança nacional) num universo de 130 mil.
Apesar de repetir que a situação
estava sob controle, Lembo admitiu ontem, em conversas, que ainda há fôlego para mais um ou dois
dias de crise.
Thomaz Bastos
disse que a crise
está sendo enfrentada "de maneira
competente".
"Reitero minha
confiança na polícia de São Paulo.
Temos absoluta
convicção de que
as forças de segurança do Estado
debelarão a situação", disse o ministro. Mas completou: "Se for necessária [a participação das forças
nacionais], estaremos às ordens".
Bastos já havia conversado pela
manhã por telefone com Lembo,
quando ouviu do governador a
recusa da ajuda federal. Mas fez
questão de vir a São Paulo.
O governador, por sua vez, não
teve uma resposta positiva imediata do ministro quando pediu a
transferência de seis presos perigosos para um presídio federal. A
proposta não tinha prosperado
até a noite de ontem.
Enquanto a reunião entre o governador e o ministro da Justiça
ocorria no Palácio dos Bandeirantes, o comandante da PM dizia
que a força nacional de segurança
é "inexistente". "São parcelas das
27 polícias do Brasil [de cada um
dos Estados e do DF]. Cada polícia apresenta 50, 100 homens para
um treinamento, e eles consideram a somatória disso a força nacional de segurança", afirmou o
coronel Eclair.
Lembo também disse ontem
que é preciso dar algum reconhecimento ao trabalho dos policiais
que estão enfrentando essa onda
de violência. Eles devem ter aumento de salários e gratificações.
Dois projetos sobre o assunto tramitam na Assembléia Legislativa.
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