|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF desmonta esquema de adulteração de leite em pó
Produto era vendido no NE; 1 dos 7 presos é funcionário do Ministério da Agricultura
Segundo a investigação, uma empresa da Paraíba adicionava soro de leite, de valor nutricional mais baixo, ao leite em pó integral
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal desmontou
ontem, na Paraíba, um esquema de adulteração de leite em
pó integral, que era destinado a
Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará e Bahia. Na
operação, chamada Lactose, foram presas sete pessoas, entre
elas um funcionário do Ministério da Agricultura, responsável pelo controle de qualidade.
De acordo com a investigação, iniciada há um ano pela PF
e pelo Ministério da Agricultura, a empresa Big Leite, sediada
em Alhandra (PB), adicionava
soro de leite ao leite em pó integral. A fraude quase que dobrava os lucros da empresa.
A Big Leite, segundo a PF,
comprava leite em pó a granel
em grandes quantidades e revendia o produto em volumes
menores, sob as marcas Só Beber, Naturesse, Bom du Leite,
Cilpe e Big Leite.
Antes de o produto ser empacotado, a empresa substituía
cerca de 50% do leite em pó integral por soro de leite desidratado -mais barato e de valor
nutricional mais baixo do que o
leite. Um funcionário do Ministério da Agricultura é suspeito
de acobertar a fraude.
"O consumo desse leite
[adulterado] não é prejudicial à
saúde, mas não traz os benefícios que deveria trazer. Temos
observado que o produto é
muito vendido em cestas básicas e para merenda escolar, afetando quem mais precisa dos
nutrientes", disse o delegado
Cláudio Costa.
Segundo o diretor de Inspeção Animal do Ministério da
Agricultura, Nelmon Oliveira
da Costa, a adição ao soro de
produtos (como açúcar e maltodextrose) para torná-lo semelhante ao gosto do leite pode
causar danos à saúde de pessoas diabéticas ou alérgicas.
Segundo ele, não é permitida
a adição de soro -obtido no
processo de fabricação de queijos e outros produtos- no leite
em pó. Para que o leite seja destinado ao consumo humano, o
ministério admite até 30 miligramas de soro por litro.
Nas amostras do leite em pó
integral embalado pela Big Leite foram encontradas, segundo
a PF, amostras com até 592,5
miligramas de soro por litro.
Para justificar o volume
maior de leite que saía da empresa, em relação ao que era adquirido a granel inicialmente, a
Big Leite comprava, segundo a
PF, notas frias das empresas
Milkly (BA), Via Láctea (CE),
Avesul (SC) e Sanita (SC), que
são de propriedade dos suspeitos de participar do esquema.
Para que o leite adulterado
fosse aprovado pelo controle de
qualidade do ministério, um
funcionário do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário) em Recife (PE) trocava o
produto por leite de qualidade,
segundo a investigação.
Dos presos, seis são donos
das empresas citadas e um é
funcionário do Lanagro em
Pernambuco. Eles foram indiciados sob suspeita de estelionato, crimes contra a saúde pública, formação de quadrilha,
falsidade ideológica, uso de documentos falsos e corrupção
passiva e ativa.
A juíza federal Cristina Maria Garcez, da 3ª Vara da Seção
Judiciária da Paraíba, determinou o recolhimento em todo o
país de lotes de leite em pó integral embalados pela Big Leite.
Em 2006 e 2007, o leite pasteurizado produzido pela Big
Leite foi reprovado pelo Procon (Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor) em Goiás.
Texto Anterior: Ponte estaiada: Prefeitura quer câmeras no local após furto de cabo Próximo Texto: Memória: Leite Longa Vida continha soda cáustica Índice
|