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Lago do Ibirapuera tem mais lodo do que água
Estudo feito pela prefeitura mostra que maioria dos lagos dos parques da cidade ficou mais tempo com qualidade regular ou ruim
Por causa do lixo, lago principal do Ibirapuera está com 30 cm de profundidade, em vez de 2,5 metros; são
84 mil m3 de resíduos e lodo
Moacy Lopes Junior/Folha Imagem
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Em meio à sujeira, cisne nada no lago principal do parque Ibirapuera, onde a profundidade chega a apenas 30 cm por causa do lixo
EDUARDO GERAQUE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Odor às vezes ruim. Um certo
aspecto de sujeira muitas vezes
por causa dos próprios usuários. No caso da maioria dos lagos paulistanos, como é o
exemplo do Ibirapuera, as aparências não enganam.
A qualidade da água dos quatro lagos do local, em 2009, ficou entre regular e ruim durante 70% do tempo. Há alguns
anos, ela já esteve pior.
Relatório da prefeitura que
avaliou os parques públicos da
cidade mostra que, na média,
essa mesma marca ocorreu em
todos os 15 parques da capital
que foram analisados.
Por causa do lixo, o lago principal do Ibirapuera está com
apenas 30 cm de profundidade,
em vez de 2,5 metros. No total,
são 84 mil m3 de resíduos e lodo
dentro dos lagos, que deverão
ser removidos.
O lago da Aclimação, que foi
pelo ralo após uma tempestade
no bairro, continua em condições precárias. Só agora é que a
Secretaria de Obras contratou
um projeto para o novo vertedouro -o antigo foi destruído.
Existe ainda um depósito de lodo no local
Quase todos os lagos da cidade estão contaminados com fezes, vindas de esgoto doméstico, diz o estudo.
Uma exceção é o parque do
Carmo. Segundo a prefeitura, a
contaminação que existe no local é fruto do próprio cocô das
aves que vivem por lá.
Os dados tabulados a pedido
da Secretaria do Verde e Meio
Ambiente referem-se a um índice usado para medir a potabilidade da água.
Como ninguém mergulha
nos reservatórios do Ibirapuera ou da Aclimação, por exemplo, a avaliação é mais relevante para saber até que ponto a
biodiversidade do local -além
de peixes, existem aves e outros grupos- está sob ameaça.
O resultado, principalmente
quando é considerado a quantidade de oxigênio dissolvido
na água, também preocupa, dizem especialistas ouvidos pela
Folha. Da forma como está hoje, são principalmente espécies
exóticas, como tilápias e carpas, que conseguem sobreviver
nos lagos de São Paulo.
"Será que a sociedade está
disposta a pagar mais para ter
um lago com espécies mais sensíveis ou nativas? Ou para ter
água potável? Os lagos cumprem com as suas finalidades
paisagísticas. Nós não temos
mortandade de peixes", afirma
Hélio Neves, assessor especial
de gabinete da secretaria.
Segundo diz, "essas análises
têm objetivo de sinalizar, alertar, caso haja necessidade de
uma intervenção ambiental".
Segundo o assessor, que considera a situação "boa", ainda "é
possível melhorar".
Os locais têm sido limpos
com frequência, diz a secretaria, e a vegetação que fica nas
bordas dos lagos, por exemplo,
está sendo refeita.
Rãs, sapos e pererecas
Para saber até que o ponto
um lago está em boas condições, muitas vezes, não adianta
olhar só para dentro dele. "Os
anfíbios são bons indicadores
de qualidade", diz Malu Ribeiro, coordenadora de projetos
da ONG SOS Mata Atlântica.
No caso de São Paulo, a depender dos dados do relatório
da estatal, quem quiser procurar por esses bichos, e por um
ambiente mais equilibrado do
ponto de vista ecológico, deve ir
ao parque Alfredo Volpi, na zona sul, por exemplo.
"A condição de aceitável [ou
regular, segundo o estudo], não
dá subsídios para que exista um
equilíbrio pleno da biodiversidade", diz a ambientalista, especialista em recursos hídricos.
Lagos em condições desfavoráveis, diz Ribeiro, atrapalham
não apenas os peixes. "Mas as
aves e os outros animais, como
os anfíbios", afirma.
Um grande problema paulistano é a chamada poluição difusa. "O cigarro, o entulho, o lixo
em geral que é jogado na cidade
e que vai chegar aos lagos. Uma
coleta seletiva mais eficaz, por
exemplo, melhoraria isso".
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