|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fogo no Butantan destrói
coleção rara de serpentes
Pesquisadores dizem que
perda do acervo de animais em formol, o
maior do mundo, é "incalculável";
investigadores da polícia buscam as causas
do incêndio
Incêndio ontem de manhã
atingiu 75% do prédio onde
eram mantidos artrópodes
e
cobras; ala de animais
vivos não foi atingida
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio ontem de manhã no Instituto Butantan, na
zona oeste de São Paulo, destruiu grande parte da maior coleção de cobras do mundo.
O acervo queimado guardava
cerca de 80 mil serpentes e 500
mil artrópodes, como aranhas e
escorpiões. Os animais eram
conservados em vidros com
formol.
Não havia ninguém no prédio no momento do incêndio. A
fábrica de soros e vacinas do
Butantan não foi afetada. O instituto é ligado ao governo de
São Paulo.
Ontem, ainda não se sabia a
causa do incêndio. Peritos da
polícia investigam o caso, sem
previsão para a conclusão dos
trabalhos.
De acordo com o Corpo de
Bombeiros, 75% do imóvel
-que tem entre 600 e 700 metros quadrados- foi atingido
pelas chamas. O instituto ainda
não contabilizou quantos animais foram destruídos.
Segundo Otávio Mercadante,
diretor do Butantan, é provável
que espécies únicas tenham sido perdidas. "É uma perda incalculável, pois esses animais
não têm valor estimado", afirmou Mercadante.
Giuseppe Porto, diretor do
Museu Biológico, disse que esse acervo de exemplares únicos
"é uma série pequena, porém,
importantíssima".
O local guardava exemplares
coletados há mais de cem anos,
na época do médico e pesquisador Vital Brazil, o fundador do
Butantan.
Choro
O incêndio começou por volta das 7h45 e foi controlado às
8h30. Até o início da tarde, os
bombeiros ainda tentavam
apagar focos isolados.
A Folha entrou no prédio em
uma área em que os bombeiros
ainda trabalhavam. O teto havia cedido e as paredes estavam
destruídas. A fachada estava
cheia de trincas.
Será analisada a necessidade
de destruir ou não o que restou
do imóvel, da década de 1970.
Segundo a assessoria do Butantan, uma das hipóteses para
a causa do incêndio é que produtos químicos inflamáveis
-como álcool e formol- tenham sido deixados próximos
um do outro, causando uma
combustão. Outra possibilidade é que tenha havido algum
problema elétrico.
De acordo com o instituto, o
prédio não possuía nenhuma
irregularidade ligada a questões de segurança.
A parte da frente do imóvel,
onde ficavam animais vivos,
não foi tão atingida pelo incêndio. Eles foram levados para
outro imóvel. Funcionários e
estudantes que chegavam ao
local começavam a chorar.
O parque foi fechado para visitas e só será aberto amanhã.
Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Os "bunkers" da cidade de São Paulo Próximo Texto: Morte de jornalista: Justiça aumenta pena de dois envolvidos Índice
|