|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Expressão foi criada no Brasil
da Reportagem Local
Foram os brasileiros que criaram
a expressão balzaquiana como adjetivo para a mulher madura. Em
dicionários de outras línguas, o
termo indica apenas algo relativo
ou pertencente ao escritor Honoré
de Balzac (1799-1850).
Sabe-se que a expressão "pegou"
no final dos anos 40 e que deriva do
título "A Mulher de 30 Anos", um
dos 80 livros deixados pelo escritor. "Balzac prestou um serviço
imenso às mulheres ao duplicar
para elas a idade do amor", escreve
o pesquisador Marcelo Aith, numa
resenha sobre o livro. "Antes de
Balzac, todas as namoradas de romance tinham 20 anos. Ele prolongou até os 30, 40 anos sua vida ativa, idade que considerava o ápice
da vida amorosa da mulher."
Embora o livro "A Mulher de 30
Anos" seja pouco conhecido no
Brasil, a expressão "balzaquiana"
chegou a ser bastante popular. Em
1950, quando as marchinhas do
Carnaval carioca cantavam os brotinhos, uma música dedicada às
balzaquianas roubou a cena.
"Não quero broto,/ não quero,
não quero, não./ Não sou garoto
pra viver na ilusão./ Sete dias na semana,/ eu preciso ver minha balzaquiana." José Ramos Tinhorão,
historiador de cultura urbana e
que diz ter brincado naquele Carnaval, lembra que "todo mundo
sabia a letra de cor". E acrescenta a
segunda parte da marchinha, batucando na mesa:
"O francês sabe escolher,/ por isso ele não quer qualquer mulher./
Papai Balzac já dizia;/ Paris inteira
repetia./ Balzac tirou na pinta./
Mulher só depois dos 30...".
Edigar de Alencar, autor do livro
"O Carnaval Carioca Através da
Música" (editora Francisco Alves),
escreve que a "gíria balzaquiana"
era um "contraponto ao vocábulo
brotinho", a mocinha que nem 20
anos tinha. "Depois veio ainda o
pejorativo "coroa" para identificar
as que já tinham passado dos 40 e
um bocado", escreveu Alencar.
Curiosamente, o Brasil exportaria para Paris a expressão balzaquiana graças a uma passagem ruidosa de Brigitte Bardot pelo Rio de
Janeiro. "Os jornalistas franceses
que a acompanhavam acharam
curioso que uma referência a Balzac fosse tema de Carnaval e levaram a marchinha para a França",
diz Tinhorão. "Virou um hit na
noite parisiense."
Ivone Mantoanelli, professora de
francês da PUC, diz que as "mulheres mais velhas tiveram grande importância na obra de Balzac". Na
vida, no entanto, o escritor não teve muito tempo para as namoradas, diz a professora. "Morreu,
após trabalhar muito, aos 50 anos,
três meses antes de se casar."
(AB)
Texto Anterior: Mulheres de 40 são as novas balzaquianas Próximo Texto: Bonitas e bem-sucedidas, elas acham que vida começa nos "enta" Índice
|