São Paulo, segunda, 16 de junho de 1997.



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DESTRUIÇÃO
Ventos de até 120 km\h provocam a morte de três pessoas, ferem 76 e deixam cidade sem luz, água e telefone
Vendaval deixa 80% das casas no chão

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Nova Laranjeiras

O vendaval que atingiu Nova Laranjeiras (398 km a oeste de Curitiba-PR) no início da noite da última sexta-feira deixou 80% das casas da cidade no chão. Os ventos atingiram 120 km por hora.
Além das três mortes anunciadas anteontem, a Defesa Civil do Paraná tentava até a tarde de ontem confirmar outras duas mortes entre os 76 feridos.
Segundo o capitão Sérgio Gonçalves de Oliveira, coordenador da Defesa Civil do Paraná no município, a informação de que uma criança e uma mulher haviam morrido em hospitais da região não era oficial. "Existe muita dificuldade para checar esses óbitos."
O município continuava ontem sem energia elétrica, água tratada e serviço telefônico. Na sede da prefeitura, alagada e com problemas de infiltração, a Defesa Civil tentava organizar a recuperação das casas e o atendimento à população.
Segundo o prefeito José Lineu Gomes (PMDB), os ventos destruíram 80% das casas da zona urbana e atingiram parcialmente o restante.
"O vendaval destruiu tudo, restou apenas o povo e a sua força para reerguer a cidade. Tenho certeza que vamos conseguir reconstrui-la", disse o prefeito.
Gomes e o vice-prefeito, James Guido Xavier (PSDB), tiveram suas casas totalmente destruídas. Na casa do prefeito, de alvenaria, sobraram apenas os pilares de sustentação.
Ontem, Gomes e Xavier começaram a realizar um levantamento completo dos prejuízos causados pelo vendaval. O levantamento vai contabilizar também os prejuízos nas áreas rurais do município.
Segundo Xavier, os distritos mais atingidos foram Linha Pessegueiro (3 km do centro), Linha Giarolo (4,5 km do centro), Rio Pereira (6 km do centro) e Coxo Grande (12 km do centro).

Mortos

Em Coxo Grande, a força dos ventos jogou uma égua sobre uma árvore a mais de 50 metros de distância. O animal ficou espetado no galho da árvore a uma altura de mais de 15 metros.
Também em Coxo Grande foi registrada a única morte na zona rural. O adolescente Claudionor da Silva, 15, morreu depois de ter sido arremessado a uma distância aproximada de 60 metros.
Os outros mortos confirmados são Celso Alves Nunes, 40, soterrado pelos escombros de uma oficina mecânica e Martina Mussilini, 65, que não resistiu a fraturas expostas. Ela foi jogada junto com sua casa a uma distância de 20 metros.
Segundo o prefeito Gomes, o furacão não provocou mais mortes em Nova Laranjeiras em razão do horário. "Se fosse à noite, quando todos estão em casa, hoje metade da cidade estaria morta."
No horário do vendaval, por volta das 17h, a maioria da população estava na área comercial da cidade, a menos atingida pelos ventos.
A localização geográfica de Nova Laranjeiras, situada em um fundo de vale às margens da BR-277 (que liga Curitiba a Foz do Iguaçu), é apontada pelo capitão Gonçalves como o principal fator responsável pela catástrofe.
"O vale canalizou pequenos tornados, vindos de três direções, que se encontraram em Nova Laranjeiras e provocaram o vendaval."



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