São Paulo, sábado, 16 de junho de 2001

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22 passaram mal por inalação de gás

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo a Defesa Civil de Osasco, 22 pessoas passaram mal por causa do gás que vazou ontem de uma tubulação da Petrobras em Barueri e foram encaminhadas ao pronto-socorro de Mutinga. Cinco delas ficaram em observação por mais tempo por apresentarem dor de cabeça e náusea.
Funcionários do pronto-socorro informaram que a maioria dos pacientes apresentava dificuldades para respirar. Eles foram medicados e liberados em seguida.
De acordo com Eudes Oliveira da Silva, coordenador de operação da Defesa Civil que estava presente no local do acidente após as 17h30, quando os técnicos da Petrobras disseram que não havia mais riscos em permanecer no local, moradores de várias casas da região começaram a sentir os efeitos do gás no organismo.
Segundo Silva, isso aconteceu porque os técnicos lavaram a tubulação, o que fez com que o gás que ainda estava presente saísse, saindo para a atmosfera e, consequentemente, para as casas dos moradores que ainda não haviam sido retirados do local.
"Mesmo o pessoal da Defesa Civil que estava sem máscara chegou a passar mal. Tivemos que retirar mais moradores de suas casas. Muitas pessoas, inclusive crianças, tiveram dificuldade para respirar e foram atendidas pelos enfermeiros que estavam no local", disse o coordenador.
De acordo com Silva, os moradores estavam nervosos e corriam com seus pertences, mas a maioria deles acabava caindo por não conseguir respirar.
"O número de pessoas que passou mal é muito grande, nós não conseguimos precisar. Elas precisaram de máscaras de oxigênio para poder respirar", afirma.
Segundo Silva, a Defesa Civil organizou três pontos de deslocamento dos moradores da região. O trabalho dos bombeiros ficou mais difícil, afirma, porque tiveram que aumentar o cordão de isolamento no local, com a dispersão do gás por causa da lavagem da tubulação.
O GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha), que vazou ontem da tubulação, é inflamável, explosivo, e pode levar à morte se for inalado em grandes concentrações, principalmente em ambientes fechados.
De acordo com o pneumologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Clystenes Odir Soares Silva, mesmo em concentrações menores, o GLP causa náusea, dor de cabeça e incômodo. "Doenças respiratórias como asma e bronquite podem ser agravadas se o gás for inalado. Uma grande quantidade de GLP leva a uma deficiência de oxigenação cerebral e pode matar."
O GLP é uma mistura de butano e propano, compostos formados por hidrogênio e carbono. A substância é líquida quando mantida dentro de botijões ou tubulações, mas torna-se gasosa em contato com a atmosfera.
"Na forma de gás, o GLP é facilmente dispersado. Isso tem um lado bom, porque evita grandes concentrações do gás, que pode explodir, mas faz com que a substância alcance lugares distantes", diz a química da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara Mary Rosa Santiago Silva.
Em concentrações menores, segundo a especialista, o gás tem menor risco de entrar em combustão, mas, em ambientes fechados, é asfixiante e pode explodir por qualquer faísca ou atrito.


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