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Grupo quer campanha só para homossexuais
DA REPORTAGEM LOCAL
Homossexuais que militam em
ONGs voltadas para a Aids querem que as próximas campanhas
de prevenção sejam dedicadas aos
"homens que fazem sexo com homens". No grupo dos HSH, sigla
usada no meio militante, estão os
homossexuais, bissexuais, travestis e garotos de programa.
Em cada cem integrantes desse
grupo, 4,5 estão com HIV ou
Aids. Entre os heterossexuais, o
número cai para 0,4. Somente na
cidade de São Paulo, dos 44.813
casos de Aids notificados, 31,2%
estão relacionados às práticas sexuais dos HSH. Nesse grupo, a
Aids já matou 8.383.
A questão foi tema do debate
"DST/Aids, Prevenção no 3º Milênio", realizado na semana passada no auditório da Folha e organizado em parceria com a Associação da Parada do Orgulho de
Gays, Lésbicas, Bissexuais e
Transgêneros de São Paulo. Participaram os coordenadores dos
programas de Aids do Estado e do
município de São Paulo, Artur
Kalichman e Fábio Mesquita, respectivamente; o coordenador adjunto do programa nacional, Alexandre Granjeiro; o representante
do Grupo de Incentivo à Vida,
Jorge Beloqui; e o diretor do Grupo pela Vidda e membro do Conselho Nacional de Saúde, Mario
Scheffer. A mediação do debate
foi realizada por Rosely Sayão,
psicóloga e colunista da Folha.
"Em vinte anos de epidemia, as
datas e as campanhas sempre foram dedicadas às crianças, às mulheres, nunca aos homossexuais",
afirmou Beloqui. "Um dia nacional de luta contra a Aids que fosse
dedicado aos homossexuais seria
um indicador de maturidade da
sociedade", disse.
Mais ainda: seria um indicador
da realidade. "Há indícios de uma
nova explosão de casos de Aids
entre os gays dos grandes centros", disse Mario Scheffer.
Para ele, esse crescimento resulta do fato de os homossexuais terem sido "retirados do foco" da
prevenção nos últimos cinco
anos. Dos cerca de mil projetos de
prevenção à Aids em andamento
no país, apenas 60 são voltados os
homossexuais, por exemplo.
Segundo Alexandre Granjeiro, a
responsabilidade também é da
militância, já que muitos programas não foram realizados por falta de iniciativa das ONGs.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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