São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Mauá tem plano de privatizar serviço

DA REPORTAGEM LOCAL

Para resolver os problemas de saneamento básico de Mauá (Grande SP), a prefeitura e o Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) criaram o Projeto Sanear. Por meio dele, a coleta e o tratamento de esgoto serão concedidos a uma empresa privada.
Mauá não trata os 2,6 bilhões de litros de esgoto que seus 350 mil moradores produzem por mês. A coleta cobre 70% da produção (1,8 bilhão de litros por mês). Tudo é jogado diretamente nos córregos e no rio Tamanduateí -afluente do Tietê e um dos mais sujos do Estado.
Em até seis anos, os objetivos do projeto Sanear são coletar e tratar 80% do esgoto, fornecer água de reuso mais barata para o Pólo Petroquímico de Capuava e despoluir a cabeceira do Tamanduateí.
A concessão é necessária porque a Prefeitura de Mauá não tem dinheiro para investir.
Desde 97, o faturamento do Sama caiu em R$ 1 milhão, porque a indústria diminuiu a compra de água, alegando preço alto -R$ 4,68 por cada mil litros.
O investimento para resolver a questão do saneamento foi calculado em cerca de R$ 147 milhões, segundo André Castro, diretor-superintendente do Sama.
Entre as obras previstas estão a implantação de 58 mil ligações de esgoto e de uma estação de produção de água industrial.
O Projeto Sanear está em fase final de elaboração do edital de licitação. Mas a idéia não foi bem recebida por todos. A possibilidade de privatização provocou polêmica até entre os correligionários do prefeito Oswaldo Dias (PT).
"Abrir participação ao capital privado não significa que vamos deixar de controlar o serviço", argumenta Castro.
O comprometimento por parte das indústrias em comprar a água de reuso viabiliza o projeto para a iniciativa privada. Se não fosse isso, o esgoto continuaria poluindo e causando doenças.
A dona-de-casa Maria José Reis, 34, mora no Jardim do Oratório, em Mauá. Lá o esgoto corre a céu aberto no meio da rua.
No mês passado, o filho mais novo dela passou mal. O menino de 3 anos estava com febre e muita dor de barriga. Diagnóstico: infecção intestinal. O médico, preocupado com o estado de saúde, internou a criança.
Segundo Maria José, o filho fica assim sempre que bebe água do filtro da casa. Por causa da diarréia, o menino perdeu muito peso. "Agora só dou água mineral", afirma a mãe.
A casa de Maria José vive cheia de ratos, transmissores de doenças como a leptospirose. "Lavo o chão quase diariamente, mas eles não vão embora", diz.
A filha mais velha dela tem frequentemente manchas e feridas na pele. "A médica disse que é verme", afirma a mãe.
Os moradores da viela Oito reclamam do mau cheiro e da sujeira. Para irem de um lado ao outro da rua, improvisaram pontes sobre o esgoto.
(MV)


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