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Mauá tem plano de privatizar serviço
DA REPORTAGEM LOCAL
Para resolver os problemas de
saneamento básico de Mauá
(Grande SP), a prefeitura e o Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) criaram o Projeto Sanear. Por meio dele, a coleta e
o tratamento de esgoto serão concedidos a uma empresa privada.
Mauá não trata os 2,6 bilhões de
litros de esgoto que seus 350 mil
moradores produzem por mês. A
coleta cobre 70% da produção (1,8
bilhão de litros por mês). Tudo é
jogado diretamente nos córregos
e no rio Tamanduateí -afluente
do Tietê e um dos mais sujos do
Estado.
Em até seis anos, os objetivos do
projeto Sanear são coletar e tratar
80% do esgoto, fornecer água de
reuso mais barata para o Pólo Petroquímico de Capuava e despoluir a cabeceira do Tamanduateí.
A concessão é necessária porque a Prefeitura de Mauá não tem
dinheiro para investir.
Desde 97, o faturamento do Sama caiu em R$ 1 milhão, porque a
indústria diminuiu a compra de
água, alegando preço alto -R$
4,68 por cada mil litros.
O investimento para resolver a
questão do saneamento foi calculado em cerca de R$ 147 milhões,
segundo André Castro, diretor-superintendente do Sama.
Entre as obras previstas estão a
implantação de 58 mil ligações de
esgoto e de uma estação de produção de água industrial.
O Projeto Sanear está em fase final de elaboração do edital de licitação. Mas a idéia não foi bem recebida por todos. A possibilidade
de privatização provocou polêmica até entre os correligionários do
prefeito Oswaldo Dias (PT).
"Abrir participação ao capital
privado não significa que vamos
deixar de controlar o serviço", argumenta Castro.
O comprometimento por parte
das indústrias em comprar a água
de reuso viabiliza o projeto para a
iniciativa privada. Se não fosse isso, o esgoto continuaria poluindo
e causando doenças.
A dona-de-casa Maria José Reis,
34, mora no Jardim do Oratório,
em Mauá. Lá o esgoto corre a céu
aberto no meio da rua.
No mês passado, o filho mais
novo dela passou mal. O menino
de 3 anos estava com febre e muita dor de barriga. Diagnóstico: infecção intestinal. O médico, preocupado com o estado de saúde,
internou a criança.
Segundo Maria José, o filho fica
assim sempre que bebe água do
filtro da casa. Por causa da diarréia, o menino perdeu muito peso. "Agora só dou água mineral",
afirma a mãe.
A casa de Maria José vive cheia
de ratos, transmissores de doenças como a leptospirose. "Lavo o
chão quase diariamente, mas eles
não vão embora", diz.
A filha mais velha dela tem frequentemente manchas e feridas
na pele. "A médica disse que é
verme", afirma a mãe.
Os moradores da viela Oito reclamam do mau cheiro e da sujeira. Para irem de um lado ao outro
da rua, improvisaram pontes sobre o esgoto.
(MV)
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