|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPANHA
Médicos querem sensibilizar população para a necessidade de prevenção e diminuir prejuízos provocados pelas lesões
Trauma causa 130 mil mortes por ano
ESPECIAL PARA A FOLHA
Um conjunto de 130 mil cruzes
brancas fincadas na Esplanada
dos Ministérios no dia 22 de novembro vai marcar o início da Semana do Trauma 2000. As cruzes
representam o número anual de
mortes por trauma no país. O prejuízo provocado pela doença é de
cerca de R$ 84 bilhões.
O trauma é o termo médico para designar as lesões por agentes
externos, como ferimentos por
armas brancas ou de fogo, acidentes de trânsito, quedas, queimaduras, afogamentos e suicídios.
Os organizadores da Semana do
Trauma pretendem sensibilizar a
população para a necessidade de
prevenir o que já é a segunda causa de morte no Brasil.
A Semana do Trauma é uma
iniciativa do Projeto Trauma
-um programa contínuo de treinamento profissional e de educação da população.
O projeto é organizado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões
(CBC), pela Sociedade Brasileira
de Atendimento Integrado ao
Traumatizado (Sbait), pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia (Sbot) e pelos
Corpos de Bombeiros do Brasil.
Desde 99, o Projeto tem o apoio
do Ministério da Saúde.
O BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento) estima em
10% do PIB nacional (R$ 84 bilhões em 97) o prejuízo provocado pelo trauma. Esse número é
mais de quatro vezes maior do
que todo o orçamento destinado à
saúde (R$ 19 bilhões em 98).
A conta leva em consideração os
gastos diretos (médicos, enfermeiros, equipamentos) e indiretos (perda de produção).
A população mais afetada pelo
trauma são os jovens. Segundo
Samir Hasslam, ex-presidente do
CBC, enquanto as doenças cardiovasculares consomem 10 a 12
anos potenciais de vida perdidos
(diferença entre a expectativa de
vida e a idade média de morte pela doença), o trauma consome 35.
Além de matar, os acidentes
causam invalidez de diversos
graus. Não existem dados oficiais
sobre o número de incapacitados
pelo trauma, mas os organizadores da semana acreditam que para
cada morto, há três ou quatro sequelados.
A Semana do Trauma contará
também com outros eventos. No
dia 25 de novembro, em cem cidades, acontecerão treinamentos
de profissionais para agir em situações de desastres e catástrofes.
No dia 26 de novembro, ocorre
o Grito da Paz, uma manifestação
inter-religiosa de repúdio à violência com a participação de vítimas de trauma.
Segundo Dário Birolini, professor titular de cirurgia do trauma
da USP e coordenador-geral do
Projeto, a palavra acidente não é
adequada para essa doença. "Ela
sugere fatalidade, quando na verdade essa é uma doença totalmente evitável", afirma Birolini.
Rasslan afirma que "50% das vítimas fatais de trauma morrem no
local do acidente, porque as lesões
são incompatíveis com a vida".
Por esse motivo, a prevenção é
tão importante para combater o
problema. Os médicos apontam o
aumento do uso de armas, o excesso de velocidade no trânsito e a
ingestão de álcool antes de dirigir
como os principais problemas a
serem corrigidos.
"Usar armas de fogo para proteção pessoal é uma ilusão. O bandido é sempre mais rápido no gatilho", diz Renato Sérgio Poggetti,
vice-presidente da Sbait e diretor
do Pronto-Socorro de Cirurgia do
Hospital das Clínicas da USP.
No trânsito, pequenos aumentos de velocidade podem agravar
muito o trauma. "A intensidade
das lesões está relacionada à energia cinética na hora do impacto.
Essa energia é resultado da velocidade elevada ao quadrado", diz
Poggetti.
(ALCINO BARBOSA JR.)
Texto Anterior: Panorâmica Próximo Texto: Educação: Site e cursinho preparam para o Enem Índice
|