São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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CAMPANHA
Médicos querem sensibilizar população para a necessidade de prevenção e diminuir prejuízos provocados pelas lesões
Trauma causa 130 mil mortes por ano


ESPECIAL PARA A FOLHA

Um conjunto de 130 mil cruzes brancas fincadas na Esplanada dos Ministérios no dia 22 de novembro vai marcar o início da Semana do Trauma 2000. As cruzes representam o número anual de mortes por trauma no país. O prejuízo provocado pela doença é de cerca de R$ 84 bilhões.
O trauma é o termo médico para designar as lesões por agentes externos, como ferimentos por armas brancas ou de fogo, acidentes de trânsito, quedas, queimaduras, afogamentos e suicídios.
Os organizadores da Semana do Trauma pretendem sensibilizar a população para a necessidade de prevenir o que já é a segunda causa de morte no Brasil.
A Semana do Trauma é uma iniciativa do Projeto Trauma -um programa contínuo de treinamento profissional e de educação da população.
O projeto é organizado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), pela Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (Sbait), pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e pelos Corpos de Bombeiros do Brasil. Desde 99, o Projeto tem o apoio do Ministério da Saúde.
O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estima em 10% do PIB nacional (R$ 84 bilhões em 97) o prejuízo provocado pelo trauma. Esse número é mais de quatro vezes maior do que todo o orçamento destinado à saúde (R$ 19 bilhões em 98).
A conta leva em consideração os gastos diretos (médicos, enfermeiros, equipamentos) e indiretos (perda de produção).
A população mais afetada pelo trauma são os jovens. Segundo Samir Hasslam, ex-presidente do CBC, enquanto as doenças cardiovasculares consomem 10 a 12 anos potenciais de vida perdidos (diferença entre a expectativa de vida e a idade média de morte pela doença), o trauma consome 35.
Além de matar, os acidentes causam invalidez de diversos graus. Não existem dados oficiais sobre o número de incapacitados pelo trauma, mas os organizadores da semana acreditam que para cada morto, há três ou quatro sequelados.
A Semana do Trauma contará também com outros eventos. No dia 25 de novembro, em cem cidades, acontecerão treinamentos de profissionais para agir em situações de desastres e catástrofes.
No dia 26 de novembro, ocorre o Grito da Paz, uma manifestação inter-religiosa de repúdio à violência com a participação de vítimas de trauma.
Segundo Dário Birolini, professor titular de cirurgia do trauma da USP e coordenador-geral do Projeto, a palavra acidente não é adequada para essa doença. "Ela sugere fatalidade, quando na verdade essa é uma doença totalmente evitável", afirma Birolini.
Rasslan afirma que "50% das vítimas fatais de trauma morrem no local do acidente, porque as lesões são incompatíveis com a vida".
Por esse motivo, a prevenção é tão importante para combater o problema. Os médicos apontam o aumento do uso de armas, o excesso de velocidade no trânsito e a ingestão de álcool antes de dirigir como os principais problemas a serem corrigidos.
"Usar armas de fogo para proteção pessoal é uma ilusão. O bandido é sempre mais rápido no gatilho", diz Renato Sérgio Poggetti, vice-presidente da Sbait e diretor do Pronto-Socorro de Cirurgia do Hospital das Clínicas da USP.
No trânsito, pequenos aumentos de velocidade podem agravar muito o trauma. "A intensidade das lesões está relacionada à energia cinética na hora do impacto. Essa energia é resultado da velocidade elevada ao quadrado", diz Poggetti.
(ALCINO BARBOSA JR.)


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