|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Custo do serviço deverá subir cerca de 42%, segundo a prefeitura; vencedoras da licitação terão mais atribuições
Concessão deixa lixo da capital mais caro
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de abril de 2004, com a
concessão dos serviços de limpeza, o lixo da cidade de São Paulo
deve custar cerca de 42% mais aos
cofres públicos e ao bolso dos
paulistanos. O valor da tarifa sugerida no edital da concorrência
para coleta, transbordo, destinação final e tratamento dos resíduos domiciliares e de saúde da
capital é de R$ 440 milhões
anuais. Hoje o município paga R$
310 milhões.
O aumento no desembolso, segundo a prefeitura, se deve aos investimentos que as empresas terão de fazer em infra-estrutura
para a destinação do lixo.
Caso o valor do edital seja mantido na contratação -as empresas podem pedir tarifas maiores
ou menores que a sugerida, e ganha quem pedir menos-, o subsídio que a prefeitura terá de dar
às concessionárias será quase
50% maior do que o previsto em
março pelo titular da Secretaria de
Serviços e Obras, Osvaldo Misso
(R$ 150 milhões anuais).
Mesmo se atingir a meta de arrecadação prevista para este ano
(de R$ 217,5 milhões), a taxa do lixo -criada, segundo a prefeitura,
para livrar São Paulo do "apagão
do lixo", bancando um sistema
com o qual o Orçamento municipal não tinha fôlego para arcar-
cumprirá apenas metade do seu
objetivo. A prefeitura ainda terá
de desembolsar R$ 223 milhões.
Pela concessão, o município
banca ainda eventuais inadimplências na taxa de lixo -cujos
rendimentos tendem a diminuir
com a série de descontos previstos em lei. Tudo isso para não gastar o R$ 1,2 bilhão que as concessionárias terão de investir na capital durante duas décadas, numa
média de R$ 60 milhões por ano.
O preço compensa, sustenta
Misso, porque "a qualidade dos
serviços será outra, haverá ganho
ambiental e a tranquilidade de
não ter de recorrer mais a contratos emergenciais". "As pessoas
podem até não ver as mudanças,
mas, se elas não ocorrerem, sentirão de imediato", diz o secretário.
A concessão trará uma alteração básica: a unificação dos diversos serviços, prestados hoje por
diferentes empresas, em dois contratos de 20 anos cada um, com
ganhos de escala e de logística para as empresas, afirma Misso.
A cidade será dividida em dois
setores: um com as subprefeituras
das zonas norte, oeste, central e a
Penha; outro com as subprefeituras das zonas sul e leste.
Em cada um deles, uma empresa, ou consórcio de até três empresas, fará coleta domiciliar e do
lixo hospitalar e coleta seletiva, o
transbordo do material, a implantação e a operação de um aterro
sanitário e de uma usina de compostagem, o tratamento do lixo
infectado e a coleta seletiva em todas as feiras livres.
À concessionária caberá investir
também na ampliação da coleta
porta a porta, de forma que ela
chegue aos cerca de 150 mil domicílios em favelas que hoje não são
atendidos pelo serviço.
O edital da concessão exigirá
das empresas ou consórcios um
patrimônio de 3% do valor total
da licitação -R$ 36 milhões.
Para serem aceitos, os concorrentes deverão também comprovar já ter executado o equivalente
a pelo menos 50% dos serviços relacionados ao lixo domiciliar e
20% dos serviços de resíduos de
saúde. No caso de consórcio, vale
a experiência acumulada. "Cada
empresa consorciada vai poder
ter feito coleta domiciliar numa
cidade de 800 mil habitantes. Não
é tão restritivo", afirma Misso.
O edital também obriga as concessionárias a construir os aterros
sanitários em áreas indicadas pela
prefeitura nas zonas norte e leste
da capital. Isso para não beneficiar empresas que já têm terrenos
licenciados na Grande São Paulo.
Elas não vão, entretanto, perder
o investimento porque o lixo dos
grande geradores comerciais, da
varrição e dos serviços complementares -que voltam para as
mãos das subprefeitura- terão
de ir para aterros particulares.
O edital será distribuído a partir
de amanhã na SSO. A minuta está
em www.prefeitura.sp.gov.br.
Texto Anterior: Dúvidas sobre os radares levam presidente ao DF Próximo Texto: Cidade coleta 16% menos resíduos que em 2002 Índice
|