São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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URBANISMO

Plano diretor da região prevê meios de facilitar a locomoção de deficientes e idosos, como semáforos sonoros

Vila Mariana aposta em acessibilidade

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Calçadas com rampas e sem muitos desníveis. Semáforos com dispositivos sonoros para orientar pedestres com dificuldades visuais. Esse é o panorama que a subprefeitura da Vila Mariana (zona sul de São Paulo) pretende ter dentro de alguns anos para facilitar a locomoção de deficientes e idosos no bairro.
Dos 31 planos diretores regionais aprovados no início deste mês, nenhum cita tanto quanto o da Vila Mariana a necessidade de mudanças para garantir a acessibilidade.
A proposta condiz com o perfil da região, que possui muitas entidades filantrópicas e moradores idosos, e alavanca a estratégia de desenvolvimento local: uma das principais metas do plano regional da Vila Mariana é consolidar o entorno da rua Pedro de Toledo como pólo hospitalar da zona sul.
Atualmente, o local conta com o complexo formado pelo Hospital São Paulo e a Escola de Medicina, além do Hospital do Rim e da Hipertensão.
Como uma das estações da futura linha 5 do metrô será instalada na região, o plano cria nesse entorno uma área de intervenção urbana, o que dá a possibilidade aos empreendedores de construir acima dos limites do zoneamento, mediante outorga onerosa (mecanismo pelo qual as construtoras pagam uma taxa para poder construir prédios acima de um determinado limite).
Pelo projeto, todas as quadras incluídas na área de intervenção urbana, e não apenas os cruzamentos, deverão contar com acessos para deficientes.
"Fizemos uma reunião específica sobre acessibilidade. Quando entramos nessa discussão, vimos que hoje em dia esse assunto não diz respeito só a deficientes, mas também ao idoso, à gestante, à mãe com carrinho de bebê. O conceito de acessibilidade é bem amplo", afirma o arquiteto Luiz Fernando Vecchia, que coordenou a elaboração do plano na subprefeitura da Vila Mariana.
Entre os grupos que participaram da reunião estavam, por exemplo, representantes da Fundação Dorina Nowill, uma entidade localizada na Vila Mariana que trabalha com deficientes visuais, e da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que também fica na região.
A subprefeitura concentra, ainda, entidades como o Centro de Amparo Maternal e a associação Cruz Verde (que atende crianças portadoras de paralisia cerebral).
"Quando discutimos o plano, levamos em consideração que muitas pessoas que utilizam o bairro são idosas ou deficientes. O plano não pode ser só para definir altura de prédios, tem que se preocupar com o bem-estar geral das pessoas que usam o bairro", disse o economista César Michel Angelucci, presidente da AMAV (Associação de Moradores e Amigos da Vila Mariana).

Praças para a terceira idade
A Vila Mariana concentra grande parte da população com mais de 60 anos na cidade. Uma das propostas do plano é que sejam criadas praças voltadas para a terceira idade.
"Nos inspiramos nas praças de Santos [litoral paulista]. O piso não pode ser muito irregular, para quem anda de bengala ou cadeira de rodas poder se locomover. Tem que ter muitos bancos e mesas, para eles lerem jornal, jogarem xadrez, conversarem", afirma Angelucci.
Se as propostas realmente forem implementadas, a Vila Mariana terá calçadas adaptadas em todas as quadras das sete áreas de intervenção urbana previstas, no mínimo. Isso seria uma exceção na cidade.
Atualmente, existem cerca de 15 mil calçadas rebaixadas na cidade. O número ideal seria 50 mil, segundo estimativas da Comissão Permanente de Acessibilidade, da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Até o final deste ano, segundo a assessoria da Secretaria de Habitação, serão rebaixadas mais 5.000 calçadas.


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