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TRAGÉDIA COTIDIANA
Segundo moradores, fogo começou por causa de vela; 54 pessoas ficaram desabrigadas, mas não houve feridos
Incêndio destrói dez casas na região da Sé
DO "AGORA"
Um incêndio destruiu dez casas
e deixou 54 pessoas desabrigadas
ontem à tarde, na rua Egas Moniz
de Aragão, na Sé (região central
de São Paulo).
O fogo espalhou-se rapidamente pelo telhado, que cobria todas
as dez casas atingidas, por volta
das 14h40. Os moradores -entre
eles várias mulheres e crianças-
saíram correndo e só tiveram
tempo de salvar poucos pertences, como eletrodomésticos.
"Perdi tudo o que tinha", lamentou o estudante Leandro Oliveira Nascimento, 24. Vítima de
paralisia nas pernas desde que foi
baleado, há um ano, ele estava
vendo TV em sua cama quando o
fogo começou e só se salvou com
a ajuda da mulher e de um vizinho. "Se não fossem eles, eu teria
morrido."
O incêndio foi controlado pelos
bombeiros em meia hora, e ninguém ficou ferido. De acordo com
a Defesa Civil, os desabrigados seriam encaminhados a albergues.
"O fogo se propagou rapidamente e correu por cima das casas, porque era um telhado de
madeira podre, seca e com cupim", afirmou o coronel João dos
Santos de Souza, do Corpo de
Bombeiros. Moradores afirmaram que o fogo começou por causa de uma vela, mas os bombeiros
não confirmaram a causa do incêndio.
Os moradores também disseram que as casas estavam em
"péssimas condições". Eles pagavam aluguéis que variavam de R$
350 a R$ 410 mensais por casas de
quatro a cinco cômodos, de acordo com a Associação Feminina
Beneficente Anália Franco, proprietária do imóvel.
"O dinheiro arrecadado com os
aluguéis era revertido às 400
crianças carentes sustentadas na
fazenda da entidade", afirmou
Claudia Sinhorigno, advogada da
associação.
"As casas estavam em péssimo
estado, mas a associação se recusava a fazer uma reforma porque
estávamos com o aluguel atrasado", reclamou o ambulante Odilceu Evangelista de Brito, 39.
A advogada Sinhorigno negou
que os imóveis estivessem em
condições inadequadas para moradia e disse que a associação já
havia reformado algumas das casas do conjunto. "As que não passaram por reforma é porque seus
moradores estavam em processo
de despejo", afirmou a advogada.
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