São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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TRAGÉDIA COTIDIANA

Segundo moradores, fogo começou por causa de vela; 54 pessoas ficaram desabrigadas, mas não houve feridos

Incêndio destrói dez casas na região da Sé

DO "AGORA"

Um incêndio destruiu dez casas e deixou 54 pessoas desabrigadas ontem à tarde, na rua Egas Moniz de Aragão, na Sé (região central de São Paulo).
O fogo espalhou-se rapidamente pelo telhado, que cobria todas as dez casas atingidas, por volta das 14h40. Os moradores -entre eles várias mulheres e crianças- saíram correndo e só tiveram tempo de salvar poucos pertences, como eletrodomésticos.
"Perdi tudo o que tinha", lamentou o estudante Leandro Oliveira Nascimento, 24. Vítima de paralisia nas pernas desde que foi baleado, há um ano, ele estava vendo TV em sua cama quando o fogo começou e só se salvou com a ajuda da mulher e de um vizinho. "Se não fossem eles, eu teria morrido."
O incêndio foi controlado pelos bombeiros em meia hora, e ninguém ficou ferido. De acordo com a Defesa Civil, os desabrigados seriam encaminhados a albergues.
"O fogo se propagou rapidamente e correu por cima das casas, porque era um telhado de madeira podre, seca e com cupim", afirmou o coronel João dos Santos de Souza, do Corpo de Bombeiros. Moradores afirmaram que o fogo começou por causa de uma vela, mas os bombeiros não confirmaram a causa do incêndio.
Os moradores também disseram que as casas estavam em "péssimas condições". Eles pagavam aluguéis que variavam de R$ 350 a R$ 410 mensais por casas de quatro a cinco cômodos, de acordo com a Associação Feminina Beneficente Anália Franco, proprietária do imóvel.
"O dinheiro arrecadado com os aluguéis era revertido às 400 crianças carentes sustentadas na fazenda da entidade", afirmou Claudia Sinhorigno, advogada da associação.
"As casas estavam em péssimo estado, mas a associação se recusava a fazer uma reforma porque estávamos com o aluguel atrasado", reclamou o ambulante Odilceu Evangelista de Brito, 39.
A advogada Sinhorigno negou que os imóveis estivessem em condições inadequadas para moradia e disse que a associação já havia reformado algumas das casas do conjunto. "As que não passaram por reforma é porque seus moradores estavam em processo de despejo", afirmou a advogada.


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