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Vítima de seqüestro morre em cerco policial
A polícia ainda não sabe quem matou o administrador, mas PMs admitiram que o confundiram com um criminoso
Parentes da vítima dizem que policiais afirmaram no hospital que não era preciso pressa para atender os feridos, já que eram bandidos
Reprodução
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Imagem flagra momento em que PMs retiram de forma brusca os dois homens do carro após ação
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
DO RIO
Vítima de um seqüestro relâmpago, um administrador de
empresas foi morto ao final de
uma perseguição policial após
ter o carro atingido por ao menos dez tiros disparados por
policiais militares. O funcionário do Infoglobo (que edita jornais do grupo Globo), Luiz Carlos Soares da Costa, 35, era
mantido refém no próprio carro por um bandido que fugia da
polícia quando foi atingido. Os
PMs disseram acreditar que os
dois eram criminosos.
Os quatro PMs -três cabos
(Vanderlei de Oliveira Acha Jr.,
Alexandre dos Santos Carvalho
e Robson Jesus da Silva) e o soldado Luiz Otávio Vieira Barbosa- afirmaram em depoimento na 17ª DP (São Cristóvão)
que perseguiam um carro suspeito quando foram alvejados
por "bandidos" e revidaram.
Quando falaram à Polícia Civil,
ainda não sabiam que um dos
mortos era a vítima do assalto.
O crime ocorreu menos de
dez dias após outros PMs terem
confundido o carro em que estava o menino João Roberto
Soares, 3, com o de criminosos.
O menino foi morto com um tiro na nuca.
Imagens feitas pelo SBT
mostram que os PMs retiraram
de forma brusca os dois homens do carro após a perseguição. Costa e Jefferson Santos
Leal -o suposto ladrão-, 18,
foram puxados pelas pernas e
arrastados para fora do veículo.
Um policial dá um chute para
abaixar o braço de Costa. A gravação também registra que o
Siena foi retirado do local antes
da chegada da perícia.
As imagens mostram que
Costa ainda respirava. Ele chegou morto ao Hospital Geral de
Bonsucesso (HGB), atingido no
lado direito do tórax e no braço
direito. Leal, alvejado no abdômen, permanecia internado em
estado grave até a conclusão
desta edição. A família afirma
que os PMs disseram aos funcionários do hospital que não
havia pressa em atendê-los
porque "eram bandidos".
Só após exames será possível
saber se o administrador foi
morto pelos PMs.
A Polícia Civil apreendeu
três fuzis da PM e a pistola 380
usada pelo suposto criminoso.
A gravação do SBT mostra,
no entanto, um policial empunhando uma pistola. Peritos
afirmaram que há marcas de
pistola na traseira do Siena.
"Eles entregaram as armas
que disseram ter usado na ação.
Caso precise verificar outras
armas, vou solicitá-las", afirmou o delegado José de Moraes
Ferreira. O caso foi registrado
como latrocínio (roubo seguido
de morte) e tentativa de homicídio -todas acusações contra
Leal. Os PMs aparecem como
testemunhas, mas serão investigados, diz o delegado. Segundo a PM, os envolvidos vão continuar trabalhando, mas responderão a inquérito policial.
O roubo aconteceu na avenida Leopoldo Bulhões, em Bonsucesso (zona norte), próximo
à Linha Amarela. Costa conversava com a mulher ao telefone
quando foi parado por Leal, que
assumiu a direção do Siena.
Os quatro PMs em um carro
perto do local disseram ter desconfiado de manobra do Siena
e iniciaram uma perseguição
por mais de um quilômetro. No
trajeto, segundo os PMs, o carro policial foi baleado. Eles revidaram, segundo narraram, e
furaram o pneu do carro.
Na avenida Brasil, em frente
a um posto de gasolina, o Siena
parou. Os PMs se aproximaram
e retiraram os homens do carro. Eles foram levados por uma
ambulância da PM.
Peritos acharam dez disparos no Siena e dois no carro dos
PMs. O instituto de criminalística vai apurar se as marcas no
carro policial foram feitas no
dia do crime ou se são antigas.
A polícia diz que a pistola de
Leal tinha capacidade para 15
balas, mas só duas não foram
disparadas, -o que reforçaria
que atirou contra os PMs.
NA FOLHA ONLINE
www.folha.com.br/081973
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