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Governo de SP não cumpre suas metas para a educação
Gestões Alckmin e Serra não atingiram os índices de redução de repetência e evasão
Em três dos quatro
indicadores, a situação
chegou a piorar; governo
Serra culpa herança da gestão
Alckmin, ambos do PSDB
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo paulista não conseguiu cumprir nenhuma das
quatro metas a que se propôs
para a melhoria na qualidade
do ensino na rede estadual, para o período entre 2004 e 2007.
O objetivo era, no geral, reduzir a repetência e a evasão dos
alunos, tanto no ensino fundamental (1ª a 8ª série) quanto no
ensino médio (antigo colegial).
Em três dos quatro indicadores, a situação chegou a piorar.
Foi o caso, por exemplo, da reprovação no ensino médio: a
meta era diminuir de 9,3% para
7% a proporção de alunos que
repetem de ano. A taxa, porém,
subiu para 17,6%. O único que
melhorou -evasão no ensino
médio- ficou abaixo da meta
(era 8,4%, esperava-se 6%, mas
ficou em 6,5%).
Os objetivos foram determinados pelo então governador
Geraldo Alckmin (PSDB) no
Plano Plurianual 2004-2007.
O plano, uma obrigação legal,
determina as prioridades do
governo para o período e fixa
indicadores para o acompanhamento da eficácia das políticas.
A vigência do plano se estendeu até o primeiro ano da gestão José Serra (PSDB).
Pesquisas nacionais e internacionais ligam a reprovação à
piora na aprendizagem e ao aumento do abandono.
A situação dos países com
bons rendimentos nos testes
educacionais apontam para a
mesma direção. Finlândia e
Chile têm baixas taxas de reprovação, de 1% e 2%, respectivamente, no antigo primário.
Apesar de a rede estadual
contar com a progressão continuada, os alunos podem ser retidos na 4ª e na 8ª séries da educação fundamental ou em qualquer ano do ensino médio.
Os indicadores finais do plano, referentes a 2007, foram
encaminhados pelo governo ao
Tribunal de Contas do Estado,
dentro da prestação de contas
de 2007 (de todas as áreas da
administração) -que foram
aprovadas, com recomendações, no dia 25 do mês passado.
Explicações
Ao tribunal de contas, o governo José Serra citou "a falta
de parâmetros curriculares estaduais" como um dos principais motivos para não ter atingido as metas, em uma crítica
indireta aos governos anteriores, do próprio PSDB (leia mais
nesta página).
Pesquisadores ouvidos pela
reportagem apresentaram análises diferentes. "Por falta de
condições de trabalho e de diálogo com o governo, os professores ficam desestimulados. Os
alunos sentem isso e também
se desestimulam", afirma José
Marcelino Rezende, docente da
USP de Ribeirão Preto.
"Sem currículo, cada um fazia o que queria, era uma bagunça. O atual governo procura
mudar isso e está no caminho
certo", diz a diretora-executiva
da Fundação Lemann, Ilona
Becskeházy.
Já a coordenadora da ONG
Ação Educativa, Vera Masagão,
afirma que "o problema é que
as medidas são impostas, sem
negociação com os educadores,
e mudanças até positivas, como
o currículo, podem se perder".
A Apeoesp (sindicato dos docentes) e Udemo (sindicato dos
diretores de escola) apontaram
os baixos salários e as longas
jornadas como causas para o
baixo desempenho da rede.
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