São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRIVATIZAÇÃO
Grupo vencedor ofereceu R$ 279,657 milhões pela empresa; ágio foi de 671,42% sobre o preço mínimo
Ferrovia do RJ será controlada por espanhóis

Rosane Marinho/Folha Imagem
A estaçaõ de trens Central do Brasil vazia devido à greve dos ferroviários ontem no Rio de Janeiro


da Sucursal do Rio

Operadores espanhóis vão assumir a Flumitrens (Companhia Fluminense de Trens Urbanos), que controla o sistema ferroviário urbano do Rio, pelos próximos 25 anos.
O consórcio vencedor, formado por duas empresas espanholas e por investidores nacionais (Bancos Pactual e Prosper), concorreu com outros três interessados no leilão, realizado ontem de manhã na Bolsa do Rio.
O contrato para a exploração do serviço poderá ser renovado uma vez por mais 25 anos.
O grupo vencedor ofereceu R$ 279,657 milhões pela empresa -um ágio de 671,42% sobre o preço mínimo, fixado em R$ 36,252 milhões.
O lance também ficou 70% acima da segunda proposta mais elevada, do consórcio que reunia empresários de ônibus. O ágio só não superou o da privatização do metrô, de 921%.
A Flumitrens tem um déficit operacional que chega a R$ 200 milhões por ano (a receita não cobre os gastos).
Apenas 74 das 274 composições que servem a zona oeste do Rio, a bairros do subúrbio e a Baixada Fluminense estão funcionando. Os concessionários têm de recuperá-las em até quatro anos.
Os operadores serão a estatal Red Nacional de Los Ferrocarriles Españoles e a empresa Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles.
O governo do Estado não ficará com o ágio do leilão. Todos os recursos deverão ser reinvestidos na própria empresa.
A verificação do cumprimento do contrato ficará a cargo da agência estadual de fiscalização de serviços públicos concedidos.

2 milhões

Luís César Fernandes, sócio do Banco Pactual, que participa em associação com um dos maiores fundos de investimento do mundo, o inglês Eletra, disse que a Flumitrens estará transportando 2 milhões de pessoas por dia no ano 2000.
Quando isso acontecer, ninguém perceberá a diferença entre os trens e o metrô, disse Fernandes, que espera um retorno de 18% por ano, dentro de cinco anos. A tarifa de R$ 0,60 terá reajuste anual pelo índice da inflação e poderá ter um aumento de 30% quando os trens tiverem ar condicionado.
Para o Clube de Engenharia do Rio, o preço mínimo da Flumitrens foi "irrisório". Como o governo só receberá 30% à vista e o restante em 240 prestações, diz em nota, o repasse mensal, em torno de R$ 81,667 mil, é muito pequeno para uma concessão desse porte.
A Flumitrens é a terceira empresa de serviço público do Rio a ter grupos espanhóis no controle. A primeira foi a Cerj, de eletricidade, e a segunda, a Ceg, de gás.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.