São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

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EDUCAÇÃO
Ex-prefeito Cesar Maia é contra a nomeação do novo reitor da UFRJ; o governador Marcello Alencar, a favor
Nomeação de reitor vira guerra política no RJ

LUIZ ANTÔNIO RYFF
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A nomeação do novo reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) transcendeu o campus da universidade e virou uma questão político-eleitoral.
Anteontem, o candidato do PFL ao governo do Rio, Cesar Maia, condicionou a manutenção de seu apoio à reeleição de Fernando Henrique Cardoso ao afastamento de José Vilhena do cargo de reitor da UFRJ, escolhido pelo presidente de uma lista tríplice encabeçada pelo professor Aloísio Teixeira -o mais votado por professores, funcionários e estudantes.
Ontem, o governador Marcello Alencar (PSDB) afirmou que está na hora de Fernando Henrique Cardoso cobrar alguma atitude do PFL. "Ele (Cesar Maia) está provocando. O presidente costuma jogar essas provocações para o alto, mas isso vai chegar a um clímax. E é preciso que o presidente cobre agora do PFL, que tem sido um partido leal a ele. Essa atitude do Cesar compromete o PFL."
Para ele, FHC "não pode se curvar" diante da ameaça de Cesar Maia e que agora, após esse "desafio", é preciso manter a indicação de José Vilhena.
Recém-empossado, o reitor tem sua nomeação contestada por cinco do seis decanos da UFRJ. E a reitoria está ocupada pelos estudantes, o que tem levado Vilhena a despachar fora de seu gabinete.
O governador qualificou a declaração de Maia como "impertinente, eleitoreira, insólita e ridícula."
Alencar conversou anteontem, por telefone, com o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que, segundo o governador, recebeu as declarações de Maia como "uma grosseria". Ele avisou ao ministro que iria responder a Cesar Maia. "Avisei que, dessa vez, eu iria estourar. E que ele podia avisar ao presidente", contou.
Anteontem, em palestra no Clube de Engenharia do Rio, Maia qualificou de "bárbara intervenção" a nomeação de Vilhena.
"Ou eles voltam atrás nessa decisão sobre a UFRJ ou eu vou tratar da minha vida política e esquecer a questão nacional", afirmou o ex-prefeito do Rio. "Isso aqui não é o Recreio dos Bandeirantes", afirmou Maia, para quem a decisão do governo "fragiliza a candidatura" de FHC no Estado do Rio.
A campanha de FHC no Estado está dividida. Os dois partidos que sustentam sua candidatura, PSDB e PFL, disputam a eleição ao governo do Estado. O candidato do PSDB é o vice-governador Luiz Paulo Corrêa da Rocha.



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