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EDUCAÇÃO
Verba do ICMS repassada à USP e à Unicamp ficou abaixo dos gastos com folha de pagamento; na Unesp, situação também é crítica
Repasse não cobre gasto de universidades
PAULO REDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) nos últimos três meses a
duas das universidades públicas
paulistas -Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e
USP (Universidade de São Paulo)- não tem sido suficiente sequer para cobrir os gastos com a
folha de pagamento. Na Unesp
(Universidade Estadual Paulista)
a situação também é crítica.
A situação mais grave é enfrentada pela Unicamp, que, entre junho e agosto, já acumula déficit de
R$ 7,6 milhões. Os repasses são
referentes às arrecadações obtidas
nos meses de maio, junho e julho.
Em junho, a Unicamp gastou
7,66% a mais com pessoal do que
recebeu de recursos do Estado.
Em julho, 4,02%, e, em agosto,
2,94%. Na USP, entre junho e julho a perda foi de aproximadamente R$ 1 milhão.
Em junho, a USP recebeu R$
120,829 milhões em repasses e
gastou R$ 124,835 milhões com
pessoal, o que representa um
comprometimento de 103,2%.
Em julho, esse índice teve uma
pequena melhora, mas, mesmo
assim, as despesas com a folha
consumiram 97,5% das verbas.
A Unesp ainda não chegou a registrar gastos com pessoal superiores a seus recursos mensais,
mas entre junho e agosto a média
de gasto com a folha de pagamento oscilou entre 97,4% e 98,7%.
Se forem acrescentadas as despesas com custeio, o prejuízo da
Unesp apenas nos três últimos
meses chega a R$ 32 milhões.
A Unicamp e a USP não forneceram seus gastos com custeio entre janeiro e agosto deste ano.
O pagamento aos funcionários e
a manutenção dos serviços só foi
possível porque, no início do ano,
o repasse superou esses gastos.
Reajuste salarial
Além da queda na arrecadação
do ICMS -que segundo avaliação da Secretaria Estadual da Fazenda foi de 13,9% no mês passado em relação a julho de 2002 e de
13,2% no comparativo com os sete primeiros meses de 2002-, a
partir de junho os professores e
funcionários tiveram aumento salarial de 14,45%. A queda é atribuída pela secretaria à retração
econômica no primeiro semestre.
Para Mário Presser, professor
da Faculdade de Economia da
Unicamp, será muito difícil a universidade evitar cortes.
O chefe da Aplo (Assessoria de
Planejamento e Orçamento) da
Unesp, Herman Voorwald, admitiu que, caso esse quadro persista,
a universidade trabalha com a hipótese de congelar a verba dos departamentos.
O diretor da Codage (Coordenadoria de Administração Geral)
da USP, Adilson Carvalho, disse
que não é possível cortar gastos
com folha de pagamento ou com
o custeio, mas não descarta a retração de investimentos.
Desde 1989, quando foi implantada a autonomia universitária, as
universidades públicas paulistas
passaram a receber 9,57% de 75%
do valor líquido do ICMS.
Desse percentual, 5,0295% vai
para a USP (69 mil alunos, entre
graduação e pós), 2,3447% para a
Unesp (34 mil alunos) e 2,1958%
para a Unicamp (21 mil alunos).
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