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AMBIENTE
Terreno em que foi construído o condomínio Barão de Mauá (Grande SP) serviu como lixão industrial e está contaminado
Após 3 anos, empresa não atende exigências
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje faz três anos que um dos
maiores casos de contaminação
ambiental na Grande São Paulo
veio à tona: o do subsolo do condomínio Barão de Mauá, em
Mauá. As exigências para recuperação da área, onde moram cerca
de 4.000 pessoas, no entanto, não
vêm sendo cumpridas integralmente pela construtora dos prédios, segundo relatório enviado
pela Cetesb (agência ambiental
paulista) ao Ministério Público.
O terreno em que foram construídos os edifícios serviu como
lixão industrial clandestino. Lá foram identificadas substâncias tóxicas (benzeno e derivados).
Embora laudos tenham mostrado que não há risco à saúde dos
moradores, a não-realização das
obras determinadas pela Cetesb
impede a utilização de certas
áreas pelos condôminos e que eles
possam dormir 100% tranqüilos
em relação à sua segurança.
Isso porque, além dos gases tóxicos, a degradação do lixo industrial também produz substâncias
inflamáveis, como o metano, que
pode provocar explosões. A
maioria das obras pendentes diz
respeito a incrementos na ventilação ou na vedação de espaços onde pode haver acúmulo de gás.
Segundo a Cetesb, nos edifícios
construídos sobre as áreas com
maior concentração de poluentes,
a SQG, empresa responsável pelo
condomínio, ainda não fez o reforço na vedação em todos os
pontos de entrada e saída de tubulações; não reforçou a impermeabilização do piso nos térreos
nem nos poços dos elevadores;
não aumentou a ventilação dos
espaços verticais por onde passam tubulações; não instalou drenos para ventilar as fundações.
Não foi colocada uma cobertura
nas áreas que têm resíduos expostos; não foram delimitadas as
áreas que têm resíduos considerados perigosos; e o projeto de remoção e destinação desses materiais, com cronograma de execução, também não foi apresentado.
Com relação à contaminação
das águas subterrâneas, não foram implantadas medidas de despoluição. No playground, faltam
o solo ser substituído por uma camada de argila compactada e a
caixa de areia ser colocada acima
da camada de proteção.
"O documento foi encaminhado à promotoria para que eles
possam tomar providências porque, no âmbito administrativo,
nós já fizemos tudo o que podíamos", diz João Antonio Romano,
gerente da Cetesb para a região
que engloba o Barão de Mauá.
Outro lado
Procurado ontem à tarde pela
Folha, o assessor de imprensa da
SQG, Carlos Badra, informou que
só hoje conseguiria entrar em
contato com um representante da
empresa para se manifestar sobre
as obras no Barão de Mauá.
Disse, porém, que a construtora
está mobilizando todos os esforços para descontaminar o local e
ressaltou que, muitas vezes, há divergências sobre o que se deve fazer em cada caso. "Algumas coisas são tecnicamente inviáveis ou
têm custo muito elevado, mas a
empresa vai fazer tudo o que for
necessário e está cumprindo todas as exigências da Cetesb. Só
que isso demanda certo tempo."
A SQG instalou no conjunto um
sistema de extração e tratamento
dos vapores tóxicos que estão no
subsolo e vem monitorando a
qualidade do ar no local.
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