São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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AMBIENTE

Terreno em que foi construído o condomínio Barão de Mauá (Grande SP) serviu como lixão industrial e está contaminado

Após 3 anos, empresa não atende exigências

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje faz três anos que um dos maiores casos de contaminação ambiental na Grande São Paulo veio à tona: o do subsolo do condomínio Barão de Mauá, em Mauá. As exigências para recuperação da área, onde moram cerca de 4.000 pessoas, no entanto, não vêm sendo cumpridas integralmente pela construtora dos prédios, segundo relatório enviado pela Cetesb (agência ambiental paulista) ao Ministério Público.
O terreno em que foram construídos os edifícios serviu como lixão industrial clandestino. Lá foram identificadas substâncias tóxicas (benzeno e derivados).
Embora laudos tenham mostrado que não há risco à saúde dos moradores, a não-realização das obras determinadas pela Cetesb impede a utilização de certas áreas pelos condôminos e que eles possam dormir 100% tranqüilos em relação à sua segurança.
Isso porque, além dos gases tóxicos, a degradação do lixo industrial também produz substâncias inflamáveis, como o metano, que pode provocar explosões. A maioria das obras pendentes diz respeito a incrementos na ventilação ou na vedação de espaços onde pode haver acúmulo de gás.
Segundo a Cetesb, nos edifícios construídos sobre as áreas com maior concentração de poluentes, a SQG, empresa responsável pelo condomínio, ainda não fez o reforço na vedação em todos os pontos de entrada e saída de tubulações; não reforçou a impermeabilização do piso nos térreos nem nos poços dos elevadores; não aumentou a ventilação dos espaços verticais por onde passam tubulações; não instalou drenos para ventilar as fundações.
Não foi colocada uma cobertura nas áreas que têm resíduos expostos; não foram delimitadas as áreas que têm resíduos considerados perigosos; e o projeto de remoção e destinação desses materiais, com cronograma de execução, também não foi apresentado.
Com relação à contaminação das águas subterrâneas, não foram implantadas medidas de despoluição. No playground, faltam o solo ser substituído por uma camada de argila compactada e a caixa de areia ser colocada acima da camada de proteção.
"O documento foi encaminhado à promotoria para que eles possam tomar providências porque, no âmbito administrativo, nós já fizemos tudo o que podíamos", diz João Antonio Romano, gerente da Cetesb para a região que engloba o Barão de Mauá.

Outro lado
Procurado ontem à tarde pela Folha, o assessor de imprensa da SQG, Carlos Badra, informou que só hoje conseguiria entrar em contato com um representante da empresa para se manifestar sobre as obras no Barão de Mauá.
Disse, porém, que a construtora está mobilizando todos os esforços para descontaminar o local e ressaltou que, muitas vezes, há divergências sobre o que se deve fazer em cada caso. "Algumas coisas são tecnicamente inviáveis ou têm custo muito elevado, mas a empresa vai fazer tudo o que for necessário e está cumprindo todas as exigências da Cetesb. Só que isso demanda certo tempo."
A SQG instalou no conjunto um sistema de extração e tratamento dos vapores tóxicos que estão no subsolo e vem monitorando a qualidade do ar no local.

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