São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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EDUCAÇÃO

Três candidatos disputam o cargo em votação que começa hoje nos quatro campi da universidade; resultado sai sexta

Endividada, PUC-SP escolhe novo reitor

DA REPORTAGEM LOCAL

Com o desafio de superar uma dívida de R$ 30 milhões, a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) dá início hoje às eleições para a escolha do novo reitor da entidade. A votação será realizada durante toda a semana, nos quatros campi da instituição. O resultado será divulgado na noite da próxima sexta-feira.
A crise financeira pela qual passa a universidade foi o principal tema abordado pelos três candidatos: Dirceu de Mello, diretor da faculdade de direito; Maura Véras, presidente da pós-graduação da PUC-SP e professora do departamento de sociologia; e Aldaíza Sposati, professora do curso de serviço social e atual secretária de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo.
Em razão da dívida, a universidade está pagando o salário dos professores e dos demais funcionários em até três parcelas. O salário referente a julho, por exemplo, ainda não foi integralmente pago: os funcionários receberam no início deste mês apenas metade do valor. Do restante, 35% será pago hoje e 15% na próxima sexta-feira, segundo a assessoria de imprensa da instituição.
"Uma contradição é que a PUC tem de viver da mensalidade dos estudantes e, ao mesmo tempo, não ser uma universidade lucrativa, mercantil", afirma a candidata Maura Véras.
Segundo ela, cerca de 90% da receita bruta da universidade provêm das mensalidades pagas pelos alunos. "Não dá para aumentar o preço. É preciso entender que a sociedade brasileira não consegue pagar pela educação", diz a candidata.
Para o professor Dirceu de Mello, a atual situação da universidade é fruto de uma má administração. O atual reitor, Antonio Carlos Caruso Ronca, está no cargo há 12 anos. "Vejo outras universidades prosperando, expandindo seus campi. Com isso, só posso concluir que a administração é amadora."
Já a professora Aldaíza Sposati vê na venda de serviços a saída para o aperto financeiro. "O excelente quadro docente é nosso maior patrimônio. Temos de aproveitar esse potencial e oferecer pesquisas e tecnologia a órgãos de governos e entidades privadas", afirma.
De acordo com a instituição, apesar do déficit de R$ 30 milhões, não há dívidas tributárias. Questionada sobre a origem e o crescimento da dívida, assim como a inadimplência de alunos e a diferença entre receita e despesa, alvo de críticas de um dos candidatos, a PUC-SP preferiu não se manifestar. Oficialmente, a reitoria não apóia nenhum candidato.

Processo eleitoral
Todos os alunos, professores e funcionários da universidade podem votar na eleição para reitor, mas os votos têm pesos diferentes, de modo a manter a equivalência entre as três categorias.
Assim, apesar de serem maioria, os estudantes têm, ao todo, a mesma representatividade no processo que o grupo dos funcionários. A PUC-SP tem cerca de 22,4 mil alunos, 1.950 professores e 1.400 funcionários.
Ao fim da votação, o resultado será encaminhada a dom Cláudio Hummes, Grão Chanceler da Universidade. O cardeal-arcebispo de São Paulo tem autonomia para não escolher o mais votado. Entretanto, Hummes se comprometeu com os candidatos a manter o resultado da votação.
A indicação ainda tem de ser homologada pelo papa João Paulo 2º para entrar em vigor. O novo reitor irá assumir o cargo apenas no início de dezembro. O mandato dura quatro anos.

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