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EDUCAÇÃO
Três candidatos disputam o cargo em votação que começa hoje nos quatro campi da universidade; resultado sai sexta
Endividada, PUC-SP escolhe novo reitor
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o desafio de superar uma
dívida de R$ 30 milhões, a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) dá início hoje às eleições para
a escolha do novo reitor da entidade. A votação será realizada durante toda a semana, nos quatros
campi da instituição. O resultado
será divulgado na noite da próxima sexta-feira.
A crise financeira pela qual passa a universidade foi o principal
tema abordado pelos três candidatos: Dirceu de Mello, diretor da
faculdade de direito; Maura Véras, presidente da pós-graduação
da PUC-SP e professora do departamento de sociologia; e Aldaíza
Sposati, professora do curso de
serviço social e atual secretária de
Assistência Social da Prefeitura de
São Paulo.
Em razão da dívida, a universidade está pagando o salário dos
professores e dos demais funcionários em até três parcelas. O salário referente a julho, por exemplo,
ainda não foi integralmente pago:
os funcionários receberam no início deste mês apenas metade do
valor. Do restante, 35% será pago
hoje e 15% na próxima sexta-feira,
segundo a assessoria de imprensa
da instituição.
"Uma contradição é que a PUC
tem de viver da mensalidade dos
estudantes e, ao mesmo tempo,
não ser uma universidade lucrativa, mercantil", afirma a candidata
Maura Véras.
Segundo ela, cerca de 90% da
receita bruta da universidade provêm das mensalidades pagas pelos alunos. "Não dá para aumentar o preço. É preciso entender
que a sociedade brasileira não
consegue pagar pela educação",
diz a candidata.
Para o professor Dirceu de Mello, a atual situação da universidade é fruto de uma má administração. O atual reitor, Antonio Carlos Caruso Ronca, está no cargo
há 12 anos. "Vejo outras universidades prosperando, expandindo
seus campi. Com isso, só posso
concluir que a administração é
amadora."
Já a professora Aldaíza Sposati
vê na venda de serviços a saída para o aperto financeiro. "O excelente quadro docente é nosso
maior patrimônio. Temos de
aproveitar esse potencial e oferecer pesquisas e tecnologia a órgãos de governos e entidades privadas", afirma.
De acordo com a instituição,
apesar do déficit de R$ 30 milhões, não há dívidas tributárias.
Questionada sobre a origem e o
crescimento da dívida, assim como a inadimplência de alunos e a
diferença entre receita e despesa,
alvo de críticas de um dos candidatos, a PUC-SP preferiu não se
manifestar. Oficialmente, a reitoria não apóia nenhum candidato.
Processo eleitoral
Todos os alunos, professores e
funcionários da universidade podem votar na eleição para reitor,
mas os votos têm pesos diferentes, de modo a manter a equivalência entre as três categorias.
Assim, apesar de serem maioria, os estudantes têm, ao todo, a
mesma representatividade no
processo que o grupo dos funcionários. A PUC-SP tem cerca de
22,4 mil alunos, 1.950 professores
e 1.400 funcionários.
Ao fim da votação, o resultado
será encaminhada a dom Cláudio
Hummes, Grão Chanceler da
Universidade. O cardeal-arcebispo de São Paulo tem autonomia
para não escolher o mais votado.
Entretanto, Hummes se comprometeu com os candidatos a manter o resultado da votação.
A indicação ainda tem de ser
homologada pelo papa João Paulo 2º para entrar em vigor. O novo
reitor irá assumir o cargo apenas
no início de dezembro. O mandato dura quatro anos.
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