São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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ALDAIZA SPOSATI

Contra a crise, Sposati defende pesquisas

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao observar uma crise mundial nas universidades, Aldaíza Sposati defende a descentralização administrativa e a ampliação de convênios técnicos.

Folha - A senhora tem dito que a PUC-SP está em crise. O que causou essa situação e qual a solução?
Aldaíza Sposati -
As universidades do mundo todo vivem uma crise por causa do avanço tecnológico. Há uma nova reorganização [do ensino superior]. Hoje é necessário ter uma perspectiva do multiculturalismo. A construção do saber universitário tem de ser revista. É uma crise geral do processo de formação. Outra crise é a do ensino superior no Brasil, que, historicamente, teve uma construção elitista. As mensalidades são altas, o que provoca a elitização das universidades. É algo que se confronta com a idéia de uma universidade voltada a novos segmentos, como defendemos.

Folha - Como estancar o déficit atual da PUC e financiar esses novos segmentos?
Sposati -
Temos de ampliar nossos serviços em potencial, como a formação de educadores à distância. A PUC tem um quadro de professores excelente, mas que não tem sido envolvido na produção de novos serviços na universidade. Temos de buscar outras formas de financiamento que não apenas as mensalidades. Quero, por exemplo, ampliar a produção de pesquisas.

Folha - Quais as principais qualidades e defeitos da PUC nos dias de hoje?
Sposati -
As qualidades são a excelência de sua equipe profissional e o fato de não buscar o lucro, mesmo não sendo estatal. Mas é preciso descentralizar a gestão do ensino. A reitoria, que hoje realiza todas as licitações, tem de ser apenas um dos campos da administração. Cada nível acadêmico precisa ter responsabilidade administrativa e financeira.

Folha - Nos anos 80, a PUC apoiou a redemocratização. Nos anos 90, reagiu ao neoliberalismo. Qual seria a sua linha para o futuro?
Sposati -
A PUC teve um papel importante na resistência ao regime militar e na democratização. Já as reações contra o neoliberalismo foram pontuais e isoladas. Depois disso, a universidade voltou-se para o próprio umbigo. Nossa identidade está desgastada. Mantendo a pluralidade, precisamos encontrar uma marca para o século 21.

Folha - Alguns estudantes e profissionais da PUC ouvidos pela Folha criticaram o fato de a senhora acumular um cargo na administração municipal com seu trabalho de professora. É possível manter as duas atividades ao mesmo tempo?
Sposati -
É uma fofoca de uma candidata que deseja reduzir meu papel. Tenho uma das maiores produções da universidade. Sou referência na produção do mapa da exclusão social em São Paulo, que a própria Folha já publicou.

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