São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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MAURA PARDINI BICUDO VÉRAS

Véras quer ampliar convênio com Estados

DA REPORTAGEM LOCAL

Defendendo que a PUC-SP se mantenha como uma universidade filantrópica, Maura Véras sugere a ampliação das parcerias com governos estaduais.

Folha - No documento com as diretrizes gerais de sua candidatura, a senhora fala sobre o processo que vem transformando as universidades em fábricas e a educação em mercadoria. Como esse processo afetou a PUC?
Maura Véras -
Não afetou a PUC internamente. O tempo inteiro nós reagimos a isso. Não somos uma entidade lucrativa nem banalizamos as nossas funções. Apesar de que, com a crise financeira, a atual reitoria não conseguiu cumprir acordos e enfrentamos greves de funcionários. Hoje, a PUC baseia a sua receita na mensalidade. Estamos propondo uma inversão: diminuir o seu peso na receita e ampliar a prestação de serviços em algumas áreas, como a da saúde. Fazendo convênios e parcerias com secretarias de Estado, haverá retorno. Não queremos ir ao Estado para obter donativos esporádicos, mas verba em troca de serviços qualificados.

Folha - Qual seria a relação de receita ideal para a PUC?
Véras -
Atualmente, cerca de 90% da receita bruta é representada pela mensalidade dos estudantes e 10%, pela prestação de serviços. Queremos aumentar gradativamente a prestação de serviços. Eu cito como exemplo a Universidade Católica do Chile, que tem 40% da receita obtida com a prestação de serviços e 60% com as mensalidades. Isso melhoraria bem a nossa situação financeira. Não podemos esperar que o Estado, que tem dificuldade para tomar conta de suas faculdades, vá estatizar a PUC. Também não queremos virar uma universidade mercantil. Temos que continuar a ser uma entidade filantrópica.

Folha - Sua campanha tem dado um forte enfoque à pesquisa, até como uma forma de enfrentar a crise. Como isso pode ser feito?
Véras -
Nós temos pessoas que podem pleitear verbas públicas nas agências de fomento. Temos de nos inserir nas políticas tecnológicas e científicas que estão sendo desenvolvidas como prioritárias no país. Existem fundos setoriais aos quais podemos recorrer. Isso não vai financiar o pagamento de salários, mas traz à instituição a chance de ser uma universidade de ponta, equipando laboratórios e possibilitando a realização de novas pesquisas.

Folha - A senhora critica a ausência de um projeto coletivo para conduzir a universidade. Como pretende fazer isso?
Véras -
A PUC é muito grande, heterogênea. O primeiro passo é conhecer a situação de cada área da universidade e fazer um pacto de planejamento integrado. Se nós acreditamos que dá para fazer um orçamento participativo em uma cidade, por que não na universidade? É possível.

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