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MAURA PARDINI BICUDO VÉRAS
Véras quer ampliar convênio com Estados
DA REPORTAGEM LOCAL
Defendendo que a PUC-SP se
mantenha como uma universidade filantrópica, Maura Véras sugere a ampliação das parcerias
com governos estaduais.
Folha - No documento com as diretrizes gerais de sua candidatura,
a senhora fala sobre o processo que
vem transformando as universidades em fábricas e a educação em
mercadoria. Como esse processo
afetou a PUC?
Maura Véras - Não afetou a PUC
internamente. O tempo inteiro
nós reagimos a isso. Não somos
uma entidade lucrativa nem banalizamos as nossas funções.
Apesar de que, com a crise financeira, a atual reitoria não conseguiu cumprir acordos e enfrentamos greves de funcionários. Hoje,
a PUC baseia a sua receita na
mensalidade. Estamos propondo
uma inversão: diminuir o seu peso na receita e ampliar a prestação
de serviços em algumas áreas, como a da saúde. Fazendo convênios e parcerias com secretarias
de Estado, haverá retorno. Não
queremos ir ao Estado para obter
donativos esporádicos, mas verba
em troca de serviços qualificados.
Folha - Qual seria a relação de receita ideal para a PUC?
Véras - Atualmente, cerca de
90% da receita bruta é representada pela mensalidade dos estudantes e 10%, pela prestação de serviços. Queremos aumentar gradativamente a prestação de serviços.
Eu cito como exemplo a Universidade Católica do Chile, que tem
40% da receita obtida com a prestação de serviços e 60% com as
mensalidades. Isso melhoraria
bem a nossa situação financeira.
Não podemos esperar que o Estado, que tem dificuldade para tomar conta de suas faculdades, vá
estatizar a PUC. Também não
queremos virar uma universidade
mercantil. Temos que continuar a
ser uma entidade filantrópica.
Folha - Sua campanha tem dado
um forte enfoque à pesquisa, até
como uma forma de enfrentar a crise. Como isso pode ser feito?
Véras - Nós temos pessoas que
podem pleitear verbas públicas
nas agências de fomento. Temos
de nos inserir nas políticas tecnológicas e científicas que estão sendo desenvolvidas como prioritárias no país. Existem fundos setoriais aos quais podemos recorrer.
Isso não vai financiar o pagamento de salários, mas traz à instituição a chance de ser uma universidade de ponta, equipando laboratórios e possibilitando a realização de novas pesquisas.
Folha - A senhora critica a ausência de um projeto coletivo para
conduzir a universidade. Como
pretende fazer isso?
Véras - A PUC é muito grande,
heterogênea. O primeiro passo é
conhecer a situação de cada área
da universidade e fazer um pacto
de planejamento integrado. Se
nós acreditamos que dá para fazer
um orçamento participativo em
uma cidade, por que não na universidade? É possível.
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