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Suposta tortura no Deic será investigada
Secretário de Estado da Segurança Pública determina apuração depois de ler reportagem publicada ontem pela Folha
"Você vai falar que não apanhou", disse policial a suposto preso, que depois gritou "ai, ai"; Corregedoria também vai investigar caso
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Estado da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, determinou à Delegacia
Geral de Polícia Civil que apure
se um dos policiais do Deic (Departamento de Investigações
sobre Crime Organizado) torturou um suposto preso.
Segundo informou sua assessoria de imprensa, o secretário
pediu a abertura da investigação após ter lido reportagem
publicada ontem pela Folha.
Um dia antes, a reportagem
ouviu no prédio que abriga o
Deic, no Carandiru (zona norte
da capital), um diálogo de um
policial civil, não identificado,
da Divecar -divisão do Deic
que combate furtos e roubos de
veículos no Estado- com outro homem, que seria um preso, e o reproduziu.
Aos berros, o policial diz ao
homem para ele não contar a
ninguém que foi agredido: "Você vai falar que não apanhou".
Depois, um tapa é escutado e o
suposto preso grita: "Ai, ai".
O som veio de um tapume de
madeira que separa o auditório
do Deic de uma sala da Divecar.
Eram 15h40 e faltavam 80 minutos para a divulgação do balanço da Operação Inverno
Quente, que prendeu 13 pessoas envolvidas com seqüestros, roubos a carro etc.
Procurada naquela ocasião, a
assessoria de imprensa do Deic
confirmou o diálogo ouvido pela reportagem, mas afirmou
que se tratava de uma "brincadeira" dos policiais com os repórteres e que nenhum preso
foi agredido ou estava no local.
Mas ontem, um dia após essa
explicação, o próprio Deic decidiu apurar o ocorrido e informou o fato à Corregedoria da
Polícia Civil, que também abrirá procedimento para investigar a suposta agressão e tentar
identificar o policial que grita e
o suposto homem preso.
A Ouvidoria das Polícias, órgão civil, acompanhará o inquérito para evitar corporativismo policial. "Se houve agressão ou foi brincadeira, não importa. Teve desrespeito às normas de procedimento", disse o
ouvidor Antonio Funari Filho.
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