São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Suposta tortura no Deic será investigada

Secretário de Estado da Segurança Pública determina apuração depois de ler reportagem publicada ontem pela Folha

"Você vai falar que não apanhou", disse policial a suposto preso, que depois gritou "ai, ai"; Corregedoria também vai investigar caso

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Estado da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, determinou à Delegacia Geral de Polícia Civil que apure se um dos policiais do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado) torturou um suposto preso.
Segundo informou sua assessoria de imprensa, o secretário pediu a abertura da investigação após ter lido reportagem publicada ontem pela Folha.
Um dia antes, a reportagem ouviu no prédio que abriga o Deic, no Carandiru (zona norte da capital), um diálogo de um policial civil, não identificado, da Divecar -divisão do Deic que combate furtos e roubos de veículos no Estado- com outro homem, que seria um preso, e o reproduziu.
Aos berros, o policial diz ao homem para ele não contar a ninguém que foi agredido: "Você vai falar que não apanhou". Depois, um tapa é escutado e o suposto preso grita: "Ai, ai".
O som veio de um tapume de madeira que separa o auditório do Deic de uma sala da Divecar. Eram 15h40 e faltavam 80 minutos para a divulgação do balanço da Operação Inverno Quente, que prendeu 13 pessoas envolvidas com seqüestros, roubos a carro etc.
Procurada naquela ocasião, a assessoria de imprensa do Deic confirmou o diálogo ouvido pela reportagem, mas afirmou que se tratava de uma "brincadeira" dos policiais com os repórteres e que nenhum preso foi agredido ou estava no local.
Mas ontem, um dia após essa explicação, o próprio Deic decidiu apurar o ocorrido e informou o fato à Corregedoria da Polícia Civil, que também abrirá procedimento para investigar a suposta agressão e tentar identificar o policial que grita e o suposto homem preso.
A Ouvidoria das Polícias, órgão civil, acompanhará o inquérito para evitar corporativismo policial. "Se houve agressão ou foi brincadeira, não importa. Teve desrespeito às normas de procedimento", disse o ouvidor Antonio Funari Filho.


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