São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Defensoria pede mudanças no serviço de transplantes do Rio

Recomendações serão enviadas aos governos federal e estadual, que terão até o final de setembro para apresentar soluções

Para o defensor público da União André Ordacgy, a Operação Fura-Fila revelou a fragilidade do sistema de transplantes de fígado

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro anunciou ontem que fará uma série de recomendações para a melhoria do serviço de transplante de fígado no Estado.
Para o defensor público da União André Ordacgy, a operação Fura-Fila, que resultou na prisão do médico Joaquim Ribeiro Filho, revelou a fragilidade do sistema.
O médico, que foi solto após a concessão de um habeas corpus pela Justiça, foi denunciado sob acusação de envolvimento em esquema de fraude na fila de transplantes de fígado no Rio. Ele nega ter participado de qualquer irregularidade.

Fragilidade
"Ainda que não tenha havido irregularidade criminal, o sistema se mostrou bastante frágil e suscetível a fraudes", disse Ordacgy, que é titular do ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da defensoria.
Segundo ele, as recomendações serão encaminhadas na próxima semana para o Ministério da Saúde e para a Secretaria Estadual de Saúde, que terão até o fim de setembro para apresentar soluções. "Se não, poderemos entrar com ações civis públicas", diz o defensor.
Para Ordacgy, os principais problemas enfrentados por pacientes que necessitam de transplante de fígado no Estado são a defasagem e a falta de transparência da fila, a estagnação da câmara técnica responsável pela análise de casos prioritários, o número reduzido de pontos de atendimento e de equipes médicas especializadas, a falta de uma política de incentivo à doação de órgãos, além da sobrecarga do sistema de saúde como um todo.
Ele afirmou, porém, que algumas medidas já estão em curso para solucionar parte dos problemas. "A Secretaria de Saúde deve anunciar já na segunda-feira a nova lista, com base nos exames de sangue que foram feitos nos pacientes. A exemplo do que já ocorre em outros Estados, eles poderão acompanhar pela internet sua posição na fila", disse.
A nova listagem também deverá ser menor. A previsão, segundo Ordacgy, é que o número de pessoas caia dos atuais 1.077 para algo em torno de 800, já que foram identificados nomes repetidos, pacientes já transplantados e até mortos.

Outras medidas
O defensor listou também algumas medidas discutidas em reunião com representantes do Ministério da Saúde. Segundo ele, a pasta prometeu realizar uma grande campanha de incentivo à doação de órgãos em setembro e estudar a realização de concurso público para diminuir a defasagem de profissionais especializados.
Também irá rever o valor pago aos hospitais pelo serviço de abordagem de parentes de possíveis doadores. Hoje, a unidade ganha por abordagem feita, quer a família concorde ou não com a doação. A idéia é dobrar a remuneração nos casos em que houver consentimento.


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