São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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JOSÉ SALDANHA MENEZES SOBRINHO (1918-2011)

Zé Saldanha, o "repórter das rimas"

ANDRESSA TAFFAREL
DE SÃO PAULO

José Saldanha Menezes Sobrinho sempre viu o mundo em forma de cordel. Considerado o mais velho cordelista do Rio Grande do Norte, escreveu seu primeiro texto aos 17 anos, mas já ouvia os versos desde pequenino.
Daí para frente, não parou mais, escrevendo cerca de um por dia. Gostava muito de retratar vaquejadas, histórias do cangaço e a vida de amigos -a inspiração, porém, vinha das mais diversas cenas do cotidiano. Por causa disso, ficou conhecido como "o repórter das rimas".
A família afirma que ele perdeu a conta de quantos poemas escreveu, apesar de ter todos guardados em casa. Alguns foram publicados no livro "Matuto na Capital", só que a maior parte ainda é desconhecida do público.
Zé Saldanha, nome com o qual assinava seus cordéis, começou recitando seus versos em feiras onde vendia sapatos. Ao juntar outros artistas, transformava sua banca num grande sarau poético.
Para ele, aliás, não havia tempo ruim. Quando alguém lhe perguntava como estava, a resposta era certeira: "Eu vou bom, bonito e rico".
Morreu na terça (9), aos 93, por causa de uma infecção hospitalar após uma cirurgia. Deixa sete filhos, netos e bisnetos. O enterro, ocorrido em Natal, foi marcado pela leitura de versos do cordelista, segundo a filha Reneide.
Após a morte de Zé, o neto Thomas, também cordelista, escreveu um poema sobre o avô. Um dos trechos resume bem a vida do poeta: "O sertão foi o seu berço/ A seca o seu cenário/ A poesia e a rima/ Foi o seu dicionário/ O trabalho preencheu/ Seus dias do calendário".

coluna.obituario@uol.com.br


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