São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999 |
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PERIGO "Muita gente não avisa que está infectada" Homossexuais estão iludidos, diz doente
do Conselho Editorial Homossexual soropositivo, Cláudio Garcia entrou no mês passado no Cine Sacy, em São Paulo, onde filmes pornográficos estimulam o sexo na platéia ou no banheiro -camisinhas são vendidas junto com balas e chocolates. Interessado em saber se o público usava camisinha, Garcia, 39, entrou no banheiro quando estava sendo limpo. Quase não encontrou embalagem de camisinhas. "Estão esquecendo o perigo da Aids", diz Garcia, que há quatro anos foi salvo pelo coquetel de remédios. Desde então, frequenta a Casa da Aids. Antes do coquetel, eram comuns as cenas desesperadas, os corpos cadavéricos de amigos ou pessoas próximas. "Essas cenas já não são tão comuns, especialmente para quem tem acesso ao remédio." Seus amigos contam que as saunas, em baixa por causa da epidemia, estão retomando clientela. Também as salas escuras de boates, onde o sexo é feito sem que se veja o parceiro. Segundo ele, a comunidade gay não vive um clima de "liberou geral", mas se ilude como se a doença não fosse tão grave. Existe a "ilusão" de que, tomando a coquetel no dia seguinte ao sexo arriscado, o vírus estaria sob controle. "Quando eu transo com alguém, aviso que sou soropositivo. Sei de muita gente que não avisa", diz. Garcia acha que há uma ilusão sobre o amor -o envolvimento emocional faz com que a pessoa não se sinta ameaçada de contaminação pelo parceiro. Ele costuma ouvir de frequentadores soropositivos da Casa da Aids sobre a dificuldade de usar o preservativo. "Muitos dizem que se têm camisinha na mão, usam. Se não tem, não usam", diz Garcia. Texto Anterior: Saúde: Prevenção relaxa, e cresce o número de infectados com o vírus da Aids Próximo Texto: Ministério quer analisar os dados Índice |
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