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TRANSPORTES
Proposta de transformar os veículos em ônibus híbridos, movidos a diesel e a eletricidade, não é consensual
Prefeitura começa a substituir os trólebus
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Saudado por uns e odiado por
outros, o sistema de trólebus de
São Paulo enfrenta o começo de
seu fim. A proposta da Secretaria
Municipal dos Transportes é
transformar os veículos elétricos
em ônibus híbridos -movidos a
diesel e a energia elétrica.
Apesar de estar longe do consenso, a medida já começou a ser
colocada em prática. O local escolhido para o teste é o corredor
Santo Amaro-Nove de Julho, onde diariamente circulam 98 trólebus. Há duas semanas, rodam na
avenida dois veículos híbridos
-outros dez estão prontos para
entrar em funcionamento.
Segundo técnicos da secretaria,
não é possível dizer quando todos
os ônibus elétricos estarão transformados -apenas uma empresa no país realiza o serviço.
A transformação de cada trólebus em híbrido custará cerca de
R$ 100 mil aos cofres públicos.
Um ônibus diesel custa cerca de
R$ 150 mil e um híbrido, que é
uma tecnologia nova, R$ 400 mil.
O veículo funciona com motor a
diesel e banco de baterias e permite a desativação da linha aérea.
Os defensores dos ônibus elétricos dizem que o trólebus é um
meio de transporte limpo, não-poluente. Além disso, ressaltam
que a cidade tem uma rede de 910
km de linhas aéreas prontas e que
seus 450 veículos foram trocados
ou reformados há cinco anos.
Outro argumento é o conforto e
o silêncio dos veículos, que não
trepidam nem emitem ruídos como os movidos a diesel.
Técnicos da Secretaria dos
Transportes recorrem a outros
pontos para justificar o término
dos trólebus. São mais caros, apenas pela energia elétrica a prefeitura paga cerca de R$ 1,3 milhão
por mês, circulam com uma rede
aérea velha, que precisaria ser reformada, e atrapalham o trânsito
com as quedas das linhas, que param cerca de 30 vezes ao dia.
"É inviável manter os trólebus
em funcionamento. Seria preciso
reformar toda a rede aérea, sem
contar que eles são 2,5 vezes mais
caros do que os ônibus a diesel",
afirma o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto.
"A rede não precisa ser reformada. Precisa de manutenção
preventiva, que não é bem feita
devido a um contrato confuso assinado entre prefeitura e Eletropaulo", diz Ayrton Camargo e Silva, secretário da Associação Nacional dos Transportes Públicos.
Segundo Camargo e Silva, a disputa entre a prefeitura, que diz
que a manutenção deve ser feita
pela Eletropaulo, e a empresa, que
cobra da prefeitura pela manutenção, prejudica o usuário.
Jorge Moraes, pesquisador da
história dos trólebus, argumenta
que o ganho ambiental compensaria a manutenção dos elétricos.
A Secretaria dos Transportes afirma que os ônibus híbridos são
menos poluentes do que os movidos somente a diesel, podendo
chegar a uma redução de até 70%
da emissão de poluentes.
Para obter mais dados sobre a
tecnologia e o acréscimo de poluição, uma equipe da Cetesb (agência ambiental do Estado) vai iniciar até o fim do ano um estudo
comparativo dos níveis de poluentes emitidos pelos veículos.
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