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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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SAÚDE

Ex e atual provedor trocam acusações; polícia investiga caso

Com R$ 33 milhões em dívidas, Maternidade São Paulo fecha

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 109 anos e muito distante do passado de instituição referência em ginecologia e obstetrícia, a Maternidade São Paulo, na região central da capital paulista, interrompeu todos os atendimentos no último dia 2 de setembro.
O fechamento da unidade de mais de 300 leitos ocorre em meio a uma troca de acusações entre o ex-provedor da instituição filantrópica e o atual provedor. O caso foi parar na polícia.
A maternidade, que prestava atendimento ao SUS, acumula R$ 33 milhões em débitos trabalhistas, tributários e com fornecedores. A crise da instituição foi acirrada a partir de 2001.
Proprietário de uma gravadora de músicas gospel, o atual provedor, Carlos Leopoldo Fogaça, afirma que o fechamento foi necessário em razão da ausência de equipamentos essenciais. "Vamos tentar levantar [a unidade]." Fogaça afirma que procurava um investimento em SP e que a maternidade lhe foi oferecida como negócio por corretores. O prédio da instituição fica em área valorizada, próximo da avenida Paulista. "Mas colocar dinheiro em instituição filantrópica é a fundo perdido. Aí assumi como provedor."
Fogaça foi eleito pelo conselho consultivo, de que participam senhoras da comunidade, em 11 de agosto, ocupando o lugar de Antônio Luiz de Carvalho.
Carvalho, o ex-provedor, diz que não quer falar sobre o assunto, que está a cargo de seu advogado. "Só posso dizer que estava funcionando e agora fecharam." No início de agosto, Carvalho registrou um boletim de ocorrência no 4º DP (Consolação) em que dizia que uma auditoria verificou que o dinheiro que deveria entrar na conta da instituição, bloqueada em razão das dívidas, era repassado diretamente para a conta de funcionários, sem controle.
O 4º DP abriu um inquérito para apurar o caso. Quando os suspeitos foram depor, compareceram com a advogada da atual provedoria, Roseli Buqui. Segundo ela, o depósito nas contas era prática comum em administração anterior a de Carvalho.
A advogada, Fogaça e funcionários fizeram acusações contra Carvalho, como suposto desvio de verbas e sumiço de equipamentos. A polícia investigará.
Fogaça registrou ainda um boletim de ocorrência contra Carvalho em que o acusa de falsidade ideológica -teria convocado assembléia identificando-se como provedor quando não estava mais no cargo. "É mentira, é um golpe armado", disse Carvalho.


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