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SAÚDE
Ex e atual provedor trocam acusações; polícia investiga caso
Com R$ 33 milhões em dívidas, Maternidade São Paulo fecha
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 109 anos e muito distante
do passado de instituição referência em ginecologia e obstetrícia, a
Maternidade São Paulo, na região
central da capital paulista, interrompeu todos os atendimentos
no último dia 2 de setembro.
O fechamento da unidade de
mais de 300 leitos ocorre em meio
a uma troca de acusações entre o
ex-provedor da instituição filantrópica e o atual provedor. O caso
foi parar na polícia.
A maternidade, que prestava
atendimento ao SUS, acumula R$
33 milhões em débitos trabalhistas, tributários e com fornecedores. A crise da instituição foi acirrada a partir de 2001.
Proprietário de uma gravadora
de músicas gospel, o atual provedor, Carlos Leopoldo Fogaça, afirma que o fechamento foi necessário em razão da ausência de equipamentos essenciais. "Vamos
tentar levantar [a unidade]." Fogaça afirma que procurava um investimento em SP e que a maternidade lhe foi oferecida como negócio por corretores. O prédio da
instituição fica em área valorizada, próximo da avenida Paulista.
"Mas colocar dinheiro em instituição filantrópica é a fundo perdido. Aí assumi como provedor."
Fogaça foi eleito pelo conselho
consultivo, de que participam senhoras da comunidade, em 11 de
agosto, ocupando o lugar de Antônio Luiz de Carvalho.
Carvalho, o ex-provedor, diz
que não quer falar sobre o assunto, que está a cargo de seu advogado. "Só posso dizer que estava
funcionando e agora fecharam."
No início de agosto, Carvalho registrou um boletim de ocorrência
no 4º DP (Consolação) em que dizia que uma auditoria verificou
que o dinheiro que deveria entrar
na conta da instituição, bloqueada em razão das dívidas, era repassado diretamente para a conta
de funcionários, sem controle.
O 4º DP abriu um inquérito para apurar o caso. Quando os suspeitos foram depor, compareceram com a advogada da atual provedoria, Roseli Buqui. Segundo
ela, o depósito nas contas era prática comum em administração
anterior a de Carvalho.
A advogada, Fogaça e funcionários fizeram acusações contra
Carvalho, como suposto desvio
de verbas e sumiço de equipamentos. A polícia investigará.
Fogaça registrou ainda um boletim de ocorrência contra Carvalho em que o acusa de falsidade
ideológica -teria convocado assembléia identificando-se como
provedor quando não estava mais
no cargo. "É mentira, é um golpe
armado", disse Carvalho.
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