São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2005

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DE MUDANÇA

Representação atenderá a partir do dia 27 em edifício na av. Paulista

Itália planeja teatro e tira consulado de Higienópolis

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Casarão onde é o consulado italiano hoje, em Higienópolis, cujo terreno deve receber um centro cultural


FERNANDO BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos bairros mais nobres de São Paulo verá, no fim do mês, a partida do consulado italiano. Deve ganhar, em troca, um instituto cultural com teatro e salas de aula sobre o país europeu.
É o plano de Gian Luca Bertinetto, cônsul-geral, para o terreno de 2.000 m2 onde fica o casarão que hoje sedia o Consulado Geral da Itália em São Paulo, na avenida Higienópolis (centro da cidade).
"Nos fundos, uma nova edificação de dois ou três pavimentos abrigará o teatro para até 250 espectadores e salas para aulas de cultura italiana", diz Bertinetto.
O imóvel, construído em 1922, está em processo de tombamento nos órgãos de patrimônio da prefeitura e do governo estadual, o que impede mudanças sem aprovação. Segundo o cônsul, o casarão abrigou o Circulo Italiano, de 1958 a 1965, antes de ser adquirido pelo governo daquele país, e agora será restaurado -com a colaboração da comunidade italiana em São Paulo, espera ele.
Bertinetto diz que, após assumir, em setembro de 2003, começou a pensar em mudar o consulado para um local mais amplo. No final daquele ano, o imóvel foi invadido por ladrões armados e duas funcionárias foram assaltadas ao saírem do trabalho, o que fez a diplomacia italiana reclamar ao Itamaraty. Além disso, o casarão fica a um quarteirão da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) da polícia paulista.
A nova sede será aberta no dia 27, na avenida Paulista, 1963. O prédio de sete andares tem 5.000 m2. O consulado de São Paulo tem jurisdição sobre mais quatro Estados: Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
A expectativa do cônsul é melhorar o serviço. Em média, 160 pessoas são atendidas por dia para obter passaportes, vistos, cidadania e até aposentadorias.
Só na Grande São Paulo são 7 milhões de descendentes. No próximo dia 26, a central de informações do consulado já estará à disposição dos usuários pelo novo telefone: 0/xx/11/3549-5699.

Casarão em estilo francês
O casarão da avenida Higienópolis foi erguido em 1922 para servir de casa à família de Oscar Rodrigues Alves. O sobrado em estilo clássico francês foi feito com um recuo de 20 m, em um terreno de 25 m de frente por 83 m de fundo. Desde o início do tombamento, em 1992, os projetos de ampliação ou novas edificações devem ser submetidos à aprovação dos órgãos de preservação.
A construção segue a tendência do início do século passado, em que os barões do café abriram suas casas ao longo da avenida. Os antigos moradores do bairro dos Campos Elíseos, comerciantes e industriais, também optaram pelos loteamentos feitos por Martinho Buchard e Victor Nothmann.
Os casarões remanescentes devem ter destinação cultural. É o caso do Clube São Paulo, entre as ruas Martinico Prado e Dona Veridiana, antiga residência da família Prado, de 1884. O casarão recém-adquirido pelo shopping Pátio Higienópolis, dos anos 20, onde fica hoje a unidade anti-seqüestro, terá uso cultural.
Higienópolis foi o primeiro bairro residencial a se verticalizar em São Paulo. Na década de 40-50 tiveram início as construções de prédios, no que se denomina hoje modernistas. Entre eles, o edifício Prudência e Capitalização, de Rino Levi, e dois edifícios de apartamentos do escritório de J. Artacho Jurado: o Bretagne, na avenida Higienópolis, e o Parque das Hortências, na avenida Angélica.


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