São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Namorada de coronel tem sigilo quebrado

Policiais querem esclarecer todos os telefonemas feitos por Carla Cepollina

O juiz Richard Chequini também decretou o sigilo das investigações, a pedido da polícia; namorada entregou passaportes

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo decretou ontem a quebra do sigilo telefônico da namorada do coronel da reserva e deputado estadual Ubiratan Guimarães, Carla Cepollina, do próprio coronel e de outras seis pessoas. Entre elas, uma amiga, assessores e um filho de Ubiratan.
Segundo a polícia, todos que tiveram o sigilo quebrado estão sendo investigados. Mas Carla, no entanto, é o principal alvo da investigação sobre a morte de Ubiratan, ocorrida no último sábado. Ele foi encontrado em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de SP). Segundo a perícia, ele estava alcoolizado -1,6 grama por litro de sangue. Segundo a lei brasileira, o limite máximo permitido hoje ao volante é de 0,6 grama.
Além de Carla, a Justiça quebrou o sigilo de telefones da mãe dela, a advogada Liliana Prinzivalli, e do desembargador aposentado Alberto Marino Jr, companheiro de Liliana. Um dos telefones da casa onde Carla e Liliana moram está no nome de Marino Jr.
No total, serão repassados à polícia dados de 15 telefones (oito celulares, um radiocomunicador e seis fixos) no período de 1º a 12 de setembro -o assassinato ocorreu no dia 9. O juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, também decretou o sigilo das investigações a pedido da polícia.
Os policiais querem esclarecer principalmente as ligações telefônicas feitas entre Ubiratan, Carla e a delegada da Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi, amiga do coronel, ocorridas no dia do crime. Renata também teve o sigilo telefônico quebrado. Segundo a família de Ubiratan, Carla teria ficado com ciúmes de Renata.
Segundo a perícia, a comunicação começou ao meio-dia de sábado, quando Ubiratan enviou uma mensagem para o celular de Renata, dizendo: "Estou na hípica, em campanha".
Um pouco antes das 19h, Renata disse, em depoimento à PF, que recebeu outra mensagem do coronel e ligou para ele. Carla teria atendido e repassado a ligação para o coronel. Duas horas depois, Renata teria tentado novo contato, mas não conseguiu falar com Ubiratan. Segundo ela, a namorada teria dito que o casal estava brigando. Carla, que nega a autoria do crime, teria deixado o prédio pouco antes das 21h.
A polícia também vai investigar os dados telefônicos de Eduardo Anastasi e Gerson Vitória, assessores de Ubiratan que encontraram o corpo dele. Fabrízio Guimarães, filho do coronel, que tentou localizar o pai no final de semana, também teve o sigilo quebrado.
Ontem, dois passaportes de Carla -um brasileiro e outro italiano- foram entregues à polícia. A família de Ubiratan temia que Carla fugisse do país. Foi Liliana quem levou os documentos. Ela, que atua como advogada da filha, não foi encontrada pela reportagem.
(GILMAR PENTEADO, KLEBER TOMAZ E ANDRÉ CARAMANTE)


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