São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Antiaérea é mais visada por facções

Segundo policiais, criminosos pagam de R$ 35 mil a R$ 40 mil por metralhadora capaz de derrubar helicóptero

Armas de guerra que foram encontradas com facções no Brasil atingem alvos de até 2 km de distância e disparam 500 tiros por minuto

DA SUCURSAL DO RIO

Metralhadoras antiaéreas de calibre ponto 30 do Exército boliviano-armas de guerra de uso exclusivo das Forças Armadas, capazes de derrubar helicópteros, que atingem alvos de até 2 km de distância e disparam 500 tiros por minuto- estão entre as mais visadas por facções criminosas brasileiras.
Entre abril de 2005 e julho de 2007, nove antiaéreas com brasão boliviano foram apreendidas no Brasil. Policiais dizem que criminosos pagam de R$ 35 mil a R$ 40 mil pela ponto 30.
Parte das armas apreendidas estava em paióis do crime organizado do Rio e São Paulo, e outras sendo levadas para eles quando apreendidas. O trabalho de rastreamento das metralhadoras bolivianas começou em janeiro de 2005.
A PM de São Paulo impediu, em janeiro de 2006, que integrantes do PCC, portando uma ponto 30 do Exército boliviano, explodissem os muros do Presídio de Segurança Máxima de Presidente Bernardes (SP).
Foi uma das quatro antiaéreas bolivianas apreendidas pela polícia paulista - sendo que uma delas foi localizada em um paiol da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), na periferia da capital, durante a operação Chumbo Grosso, da PF, em abril do mesmo ano.
No Paraná, foi apreendida arma que fazia parte de arsenal que viria para o Rio de Janeiro, para um dos morros controlados pela facção criminosa CV (Comando Vermelho).
Uma ponto 30 antiaérea com brasão boliviano foi apreendida pela PM do Rio, em junho deste ano, no Complexo do Alemão, na Penha, zona norte.
De acordo com a Divisão de Repressão ao Tráfico de Armas da PF, traficantes brasileiros que vivem na fronteira com o Paraguai compram lá as metralhadoras desviadas dos quartéis bolivianos.

Prisões
Em julho deste ano, foi preso Jorge Ribeiro de Assunção, 27, em Maringá, no Paraná, fronteira com o Paraguai. Ele é suspeito de ser um dos maiores fornecedores de armas e munições de facções criminosas do Rio e São Paulo. A polícia atribui a Assunção e sua quadrilha a venda de pelo menos cinco das nove metralhadoras ponto 30 com brasão boliviano apreendidas. A Folha não conseguiu localizar seu advogado.
No dia 17 de agosto, a polícia boliviana anunciou que prendeu um brasileiro, em seu território, com 141 quilos de cocaína e quatro metralhadoras do Exército boliviano. Segundo a PF, o homem se identificou como Manoel Camargo, 54, morador de Sorocaba (100 km de SP). Ele foi preso em Cobija, na fronteira com a cidade brasileira de Basiléia, no Acre.
Camargo estava com três metralhadoras tchecas da marca CZ e uma submetralhadora Ina, de fabricação brasileira. Todo o armamento pertencia ao Exército boliviano. (MÁRCIA BRASIL)

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