|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Roteiro ajuda pais a escolherem melhor escola para os filhos
Método pedagógico empregado e localização do colégio são itens que devem ser levados em conta na hora de optar
Para evitar endividamento, gastos com educação dos filhos não devem superar 10% da renda familiar, dizem especialistas
DA REDAÇÃO
A escola é o primeiro espaço
extrafamiliar que a maioria das
crianças enfrenta. É, por isso,
motivo de angústia para os pais.
Para ajudar nessa hora difícil,
a Folha consultou 38 especialistas e elaborou um roteiro para oferecer instrumentos para
uma escolha adequada.
Em primeiro lugar, é preciso
conhecer os métodos pedagógicos mais importantes. A seguir, fazer um levantamento de
escolas que apliquem esse método (ou algo próximo). Depois
de contatar os colégios pré-selecionados e perguntar sobre
mensalidades e outras taxas
cobradas, calcular o quanto é
possível gastar com a educação
das crianças.
O último passo é visitar as
que passaram pelas duas etapas anteriores. Dele deve sair
a escola mais adequada para o
seu filho e a sua família.
Planejamento
Quanto gastar com a educação do seu filho? Especialistas
ouvidos pela Folha afirmam:
não mais do que 10% da renda
mensal por criança.
Segundo José Nicolau Pompeo, professor de economia da
PUC-SP, mais do que isso pode
levar a família ao descontrole
financeiro. O problema, de
acordo com ele, é que os pais
geralmente não fazem um planejamento orçamentário.
Quando os pais percebem o
rombo, afirma o professor, começam a se endividar.
"Os pais têm de lembrar que
é caro estudar", diz o professor
da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade
da USP Roy Martelanc.
Especialistas dizem que o
que mais encarece o fator "educação" é o transporte. Em um
ano, combustível e manutenção do carro podem custar o
mesmo que uma mensalidade.
Na hora de fazer a matrícula,
os pais devem se lembrar de
que, além das mensalidades,
existem outros gastos. Material, uniformes, gasolina e até
taxas para passeios podem deixar a conta muito mais salgada.
Estudar em um colégio mais
barato longe de casa pode, no
final, sair mais caro -ainda
mais se a idade da criança não
permitir que ela vá de transporte coletivo para a escola.
Mas, se o local onde ela estuda for próximo do trabalho dos
pais, por exemplo, o custo poderá ser atenuado, dizem os especialistas -já que o deslocamento casa-trabalho precisará
ser feito de qualquer jeito.
"A pergunta é: quanto vale o
seu tempo?", afirma o professor Martelanc. "Se o pai ou a
mãe aproveitam esse tempo
para conviver mais com o filho,
pode até valer a pena", diz.
Segundo Martelanc, os pais
precisam levar em conta também que existem outros fatores além dos econômicos. Mas
Pompeo alerta: o ideal, mesmo,
é estudar do lado de casa -e, se
puder ir a pé até lá, melhor.
Infra-estrutura
Quanto à infra-estrutura oferecida pelas escolas, os pais
precisam tomar cuidado na
avaliação.
Especialistas afirmam que
muito do que os colégios colocam como vantagens -por
exemplo, câmeras de vídeo superpotentes, computadores
nas salas de aula- podem servir somente para encarecer o
preço da mensalidade, sem
efeitos práticos.
Segundo o consultor em segurança José Vicente da Silva,
mais do que um sistema de proteção por escola -como equipe
de seguranças, monitoramento
via satélite ou câmeras espalhadas pelo colégio- é desnecessário e só ajuda a aumentar o
preço. "As escolas usam isso como uma vantagem competitiva", afirma Silva.
De acordo com o consultor,
colégios são ambientes menos
perigosos por serem regiões
onde há bastante movimento.
"É uma ilusão pagar para ter
mais segurança, ainda mais em
escolas. Mas as classes média e
média-alta têm uma sensação
maior de vulnerabilidade", diz.
Os pais também devem desconfiar de escolas em que a informática é utilizada como um
grande diferencial competitivo.
"O fato de haver um aparato
tecnológico extraordinário e gigantesco não implica necessariamente qualidade. Pode servir só para aumentar a conta de
luz", afirma Gilberto Lacerda,
professor da Faculdade de
Educação da UnB e especialista
no uso pedagógico da informática na sala de aula.
LAURA CAPRIGLIONE, JOHANNA NUBLAT,
RAFAEL TARGINO, TOMÁS CHIAVERINI e
ALESSANDRA BALLES
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Construtivista: Alunos são estimulados a criticar livros Índice
|