São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Roteiro ajuda pais a escolherem melhor escola para os filhos

Método pedagógico empregado e localização do colégio são itens que devem ser levados em conta na hora de optar

Para evitar endividamento, gastos com educação dos filhos não devem superar 10% da renda familiar, dizem especialistas

DA REDAÇÃO

A escola é o primeiro espaço extrafamiliar que a maioria das crianças enfrenta. É, por isso, motivo de angústia para os pais.
Para ajudar nessa hora difícil, a Folha consultou 38 especialistas e elaborou um roteiro para oferecer instrumentos para uma escolha adequada.
Em primeiro lugar, é preciso conhecer os métodos pedagógicos mais importantes. A seguir, fazer um levantamento de escolas que apliquem esse método (ou algo próximo). Depois de contatar os colégios pré-selecionados e perguntar sobre mensalidades e outras taxas cobradas, calcular o quanto é possível gastar com a educação das crianças.
O último passo é visitar as que passaram pelas duas etapas anteriores. Dele deve sair a escola mais adequada para o seu filho e a sua família.

Planejamento
Quanto gastar com a educação do seu filho? Especialistas ouvidos pela Folha afirmam: não mais do que 10% da renda mensal por criança.
Segundo José Nicolau Pompeo, professor de economia da PUC-SP, mais do que isso pode levar a família ao descontrole financeiro. O problema, de acordo com ele, é que os pais geralmente não fazem um planejamento orçamentário. Quando os pais percebem o rombo, afirma o professor, começam a se endividar.
"Os pais têm de lembrar que é caro estudar", diz o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Roy Martelanc.
Especialistas dizem que o que mais encarece o fator "educação" é o transporte. Em um ano, combustível e manutenção do carro podem custar o mesmo que uma mensalidade.
Na hora de fazer a matrícula, os pais devem se lembrar de que, além das mensalidades, existem outros gastos. Material, uniformes, gasolina e até taxas para passeios podem deixar a conta muito mais salgada.
Estudar em um colégio mais barato longe de casa pode, no final, sair mais caro -ainda mais se a idade da criança não permitir que ela vá de transporte coletivo para a escola.
Mas, se o local onde ela estuda for próximo do trabalho dos pais, por exemplo, o custo poderá ser atenuado, dizem os especialistas -já que o deslocamento casa-trabalho precisará ser feito de qualquer jeito.
"A pergunta é: quanto vale o seu tempo?", afirma o professor Martelanc. "Se o pai ou a mãe aproveitam esse tempo para conviver mais com o filho, pode até valer a pena", diz.
Segundo Martelanc, os pais precisam levar em conta também que existem outros fatores além dos econômicos. Mas Pompeo alerta: o ideal, mesmo, é estudar do lado de casa -e, se puder ir a pé até lá, melhor.

Infra-estrutura
Quanto à infra-estrutura oferecida pelas escolas, os pais precisam tomar cuidado na avaliação.
Especialistas afirmam que muito do que os colégios colocam como vantagens -por exemplo, câmeras de vídeo superpotentes, computadores nas salas de aula- podem servir somente para encarecer o preço da mensalidade, sem efeitos práticos.
Segundo o consultor em segurança José Vicente da Silva, mais do que um sistema de proteção por escola -como equipe de seguranças, monitoramento via satélite ou câmeras espalhadas pelo colégio- é desnecessário e só ajuda a aumentar o preço. "As escolas usam isso como uma vantagem competitiva", afirma Silva.
De acordo com o consultor, colégios são ambientes menos perigosos por serem regiões onde há bastante movimento. "É uma ilusão pagar para ter mais segurança, ainda mais em escolas. Mas as classes média e média-alta têm uma sensação maior de vulnerabilidade", diz.
Os pais também devem desconfiar de escolas em que a informática é utilizada como um grande diferencial competitivo. "O fato de haver um aparato tecnológico extraordinário e gigantesco não implica necessariamente qualidade. Pode servir só para aumentar a conta de luz", afirma Gilberto Lacerda, professor da Faculdade de Educação da UnB e especialista no uso pedagógico da informática na sala de aula.
LAURA CAPRIGLIONE, JOHANNA NUBLAT, RAFAEL TARGINO, TOMÁS CHIAVERINI e ALESSANDRA BALLES

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