São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Restaurante dos Jardins quer "via-sacra" para atrair turistas

Idéia é que cliente faça percurso e experimente um prato em cada estabelecimento

Avaliação é que turistas compram nas lojas, mas não freqüentam restaurantes caros da região; plano é que "tour" comece já neste ano

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Donos de restaurantes de alta gastronomia do Jardim Paulista, região nobre de São Paulo, têm encostado a mão no queixo e se perguntado: Cadê a caravana de Itu?
A região vive um paradoxo comercial, explicam alguns deles: atrai clientes endinheirados do interior e de outros Estados, que passam o dia por suas lojas e voltam para casa com sacolas Dior e Giorgio Armani, mas que, em geral, dão de ombros para os restaurantes do pedaço.
"Você olha o ótimo movimento da Oscar Freire e compara com o dos restaurantes. Está longe de ser a mesma coisa", constata Mauro Chaim, que inaugurou há um mês o Dom Pedro, no trecho mais nobre da rua Augusta, com investimento de R$ 2 milhões e uma roupa ("original", ele conta) do imperador em exposição.
Chaim se uniu aos donos de Le Vin, Risotteria Alessandro Segato e A Bela Sintra para tentar virar esse jogo. "Antes do Natal, lançaremos um programa para incentivar esses clientes a conhecer nossos restaurantes", anuncia.
A estratégia: criar um "tour" gastronômico pelo Jardim Paulista no qual o cliente, turista ou não, prove um prato de cada cardápio. Por exemplo: experimenta uma entrada no Le Vin (alameda Tietê), o prato principal na Risotteria (rua Padre João Manuel), a sobremesa no A Bela Sintra (rua Bela Cintra). E que, se quiser, possa fazer o ziguezague (nesse caso, cerca de dez quarteirões) a pé, enquanto o manobrista da primeira parada leva seu carro para a última.
A concorrência tem sido chamada para partilhar do plano. "Queremos o Fasano, o A Figueira Rubayat, o D.O.M., todo mundo participando do projeto", diz ele. "O público potencial é enorme. Tem ótimos clientes no interior. O caipira que vem à Oscar Freire é o caipira fazendeiro, o caipira produtor de soja."
O chef Alex Atala, proprietário do D.O.M., não se entusiasmou com a idéia. "O Francisco [Barroso, do Le Vin] falou comigo, mas acho uma operação difícil. E se eu não tiver mesa para oferecer?", diz ele, que reconhece que os almoços do local não são dos mais lotados. "Mas deve ser por eu ficar numa rua sem saída [Barão de Capanema] e por ser uma comida mais trabalhada, mais cara."

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"Uma das preocupações em fazer compras a pé aqui é a segurança", diz a empresária Silvia Gualdi, de Porto Alegre.
Pois medo de assalto não será problema, promete a coligação. "A idéia é contratar segurança privada para ficar no caminho e até acompanhar o cliente de um restaurante a outro."
O "combinadão" deverá ter também uma campanha de marketing em outras cidades. E descontos nos pratos.
"O movimento dos restaurantes melhorou do ano passado para cá, mas tem espaço para crescer", diz o chef Alessandro Segatto.
"Vamos unir forças para trazer esses clientes de fora que só vêm aqui para fazer compra e não ficam para almoçar. Os Jardins têm algumas das melhores opções gastronômicas do Brasil", diz Carlos Bittencourt, dono do A Bela Sintra.


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