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Restaurante dos Jardins quer "via-sacra" para atrair turistas
Idéia é que cliente faça percurso e experimente um prato em cada estabelecimento
Avaliação é que turistas compram nas lojas, mas não freqüentam restaurantes caros da região; plano é que "tour" comece já neste ano
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Donos de restaurantes de alta gastronomia do Jardim Paulista, região nobre de São Paulo,
têm encostado a mão no queixo
e se perguntado: Cadê a caravana de Itu?
A região vive um paradoxo
comercial, explicam alguns
deles: atrai clientes endinheirados do interior e de outros
Estados, que passam o dia por
suas lojas e voltam para casa
com sacolas Dior e Giorgio
Armani, mas que, em geral, dão
de ombros para os restaurantes
do pedaço.
"Você olha o ótimo movimento da Oscar Freire e compara com o dos restaurantes.
Está longe de ser a mesma coisa", constata Mauro Chaim,
que inaugurou há um mês o
Dom Pedro, no trecho mais nobre da rua Augusta, com investimento de R$ 2 milhões e uma
roupa ("original", ele conta) do
imperador em exposição.
Chaim se uniu aos donos de
Le Vin, Risotteria Alessandro
Segato e A Bela Sintra para tentar virar esse jogo. "Antes do
Natal, lançaremos um programa para incentivar esses clientes a conhecer nossos restaurantes", anuncia.
A estratégia: criar um "tour"
gastronômico pelo Jardim
Paulista no qual o cliente, turista ou não, prove um prato de cada cardápio. Por exemplo: experimenta uma entrada no Le
Vin (alameda Tietê), o prato
principal na Risotteria (rua Padre João Manuel), a sobremesa
no A Bela Sintra (rua Bela Cintra). E que, se quiser, possa fazer o ziguezague (nesse caso,
cerca de dez quarteirões) a pé,
enquanto o manobrista da primeira parada leva seu carro para a última.
A concorrência tem sido chamada para partilhar do plano.
"Queremos o Fasano, o A Figueira Rubayat, o D.O.M., todo
mundo participando do projeto", diz ele. "O público potencial é enorme. Tem ótimos
clientes no interior. O caipira
que vem à Oscar Freire é o caipira fazendeiro, o caipira produtor de soja."
O chef Alex Atala, proprietário do D.O.M., não se entusiasmou com a idéia. "O Francisco
[Barroso, do Le Vin] falou comigo, mas acho uma operação
difícil. E se eu não tiver mesa
para oferecer?", diz ele, que reconhece que os almoços do local não são dos mais lotados.
"Mas deve ser por eu ficar numa rua sem saída [Barão de Capanema] e por ser uma comida
mais trabalhada, mais cara."
Escolta
"Uma das preocupações em
fazer compras a pé aqui é a segurança", diz a empresária Silvia Gualdi, de Porto Alegre.
Pois medo de assalto não será
problema, promete a coligação.
"A idéia é contratar segurança
privada para ficar no caminho e
até acompanhar o cliente de
um restaurante a outro."
O "combinadão" deverá ter
também uma campanha de
marketing em outras cidades. E
descontos nos pratos.
"O movimento dos restaurantes melhorou do ano passado para cá, mas tem espaço para crescer", diz o chef Alessandro Segatto.
"Vamos unir forças para trazer esses clientes de fora que só
vêm aqui para fazer compra e
não ficam para almoçar. Os Jardins têm algumas das melhores
opções gastronômicas do Brasil", diz Carlos Bittencourt, dono do A Bela Sintra.
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