São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mensalidade escolar deve ter alta acima da inflação

Sindicato das escolas privadas de SP estima reajuste médio de 10% em 2009

IBGE, Fipe e Dieese calculam inflação entre 6,35% e 7,15% nos últimos 12 meses; sindicato diz que tem que considerar inadimplência


RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

As mensalidades dos colégios particulares do Estado de São Paulo sofrerão no ano que vem um reajuste médio de 10%, de acordo com os cálculos do Sieeesp (sindicato das escolas privadas do Estado).
O aumento será mais alto que os índices de inflação INPC/ IBGE (7,15%), IPC/Fipe (6,35%) e ICV/Dieese (6,97%) acumulados nos últimos 12 meses, que incluem os preços praticados pelo setor educacional.
O acumulado dos últimos 12 meses do IPCA/IBGE, usado nas metas oficiais de inflação do país, está em 6,17%.
As entidades que apuram esses índices de inflação consideraram alto o reajuste escolar. "Não tem justificativa", diz Cornélia Nogueira Porto, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
"Pelos últimos acordos sindicais, [os aumentos de salário] ficaram levemente acima de 6,5%. Para as mensalidades, considero 10% um valor elevado demais. As famílias não têm como suportar isso. Aí certamente teremos briga", acrescenta Antonio Evaldo Comune, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O presidente do Sieeesp, José Augusto de Mattos Lourenço, explica que as escolas, para determinar seus reajustes, têm de contabilizar os aumentos salariais dados aos professores e funcionários e os índices de inadimplência. Em agosto, a média de inadimplência nos colégios do Estado foi de 9,15%.
"Não temos como fazer diferente, infelizmente", diz Lourenço. "O problema da escola particular é que é o único setor que só pode fazer um reajuste por ano. Então o diretor precisa ter bola de cristal. É complicado. Se reajustar pouco e a inflação crescer ao longo do ano, ele não vai agüentar."
O presidente do sindicato explicou ainda que o IGP-M/FGV -utilizado nos reajustes de aluguel e telefone, por exemplo- acumulado nos últimos 12 meses foi de cerca de 13%. "Temos muitas escolas que pagam aluguel, e isso pesa."
Na semana passada, as crianças que estudam na escola Móbile, na zona sul de São Paulo, levaram para casa um comunicado com os valores que devem ser pagos para reservar uma vaga no ano que vem. Como nos últimos anos a taxa de reserva foi de 50% da mensalidade do ano seguinte, pelo comunicado os pais deduzem que o reajuste para 2009 chegará a 16,23%.
Em 2007, a taxa de reserva de um aluno de terceira série foi de R$ 585 (a mensalidade neste ano é de R$ 1.170). Neste ano, a taxa para essa mesma série é de R$ 680 (o que daria uma mensalidade de R$ 1.360). Procurada pela Folha, a escola disse que ainda não havia determinado as mensalidades de 2008.
A advogada Maíra Feltrin, do Idec, diz que os pais devem exigir das escolas uma explicação detalhada dos reajustes. "No nosso entendimento, não podem se distanciar muito de um índice oficial de inflação no período. Se os pais entenderem que não se justificam, eles podem recorrer à Justiça."


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Dia de herói: Garoto de 8 anos ajuda a mãe durante um parto em casa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.